O finca-pé entre a Grécia e os credores internacionais conheceu este domingo alguns desenvolvimentos que mostram o extremar de posições de ambas as partes. O ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, fez saber que o país espera mais do plano das três instituições e que se não for alterado, não irão assinar o acordo.

“O documento apresentado ao primeiro-ministro está no limite do insulto. Precisamos de reformas, de reestruturação da dívida e de investimento (…) se não temos os três em conjunto não vamos assinar”, garantiu o ministro das Finanças ao jornal Proto Thema.

As declarações do ministro das Finanças aparecem num dia fértil em declarações sobre a Grécia, incluindo a de Jean-Claude Juncker que disse estar desiludido com Tsipras e a perder a paciência. Apesar da pressão que aumenta na União Europeia, Varoufakis diz que os gregos não se vão deixar “aterrorizar”.

“Foi um movimento agressivo projetado para aterrorizar o Governo (…) sem entender que o Governo grego não pode ser aterrorizado”, disse.

A Comissão Europeia apresentou durante a semana passada em Atenas um documento de cinco páginas de medidas de poupança, incluindo, em particular, um aumento do IVA e cortes nos salários e pensões. Na sexta-feira, o primeiro-ministro Alexis Tsipras já tinha classificado as propostas dos seus parceiros europeus como “absurdas” e explicou que Atenas não aceitaria um acordo que não incluísse a reestruturação abismal da dívida do país.

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Atenas adiou o pagamento de 300 milhões de euros em dívida para com o Fundo Monetário Internacional (FMI) na semana passada e decidiu pagar a restante dívida de uma só vez no final do mês. O Governo grego deve, portanto, conseguir 1,6 mil milhões de euros em três semanas, e que deverá passar por um acordo com seus credores, principalmente o FMI e a União Europeia.

Se a Grécia não honrar estes pagamentos até 30 de junho, entrará em incumprimento e com a ameaça de uma saída da zona do euro. Os gregos, o FMI e a União Europeia travam uma batalha há semanas para que seja implementado um plano austeridade, que determina a a poupança de 7,2 mil milhões de euros, o remanescente que teria de ser pago no outono de 2014, como fazendo parte do plano de assistência internacional implementado em 2010.

Os ministros do partido Syriza acreditam que o primeiro-ministro deve convocar eleições antecipadas, em vez de aceitar as medidas de austeridade impostas pelos credores a Atenas. “Não acho que haja muito espaço para um acordo positivo com os credores (…) porque eles têm intenção de submeter” a Grécia, disse por sua vez o ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis, ao jornal To Vima.

“Eles querem esmagar o país socialmente e humilhar o Governo”, acrescentou.

Muitos dos compromissos de reforma que estas instituições reivindicam vão contra o que Alexis Tsipras prometeu na campanha eleitoral e contra as intenções mais radicais de alguns membros do seu partido.