Uma exposição antológica de António Charrua (1925-2008), com 220 obras de quatro décadas do percurso do pintor, abre ao público a 19 de junho no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian (CAM), em Lisboa.

De acordo com a programação do CAM, a exposição abre em simultâneo com “Tensão e Liberdade”, que reúne uma seleção de obras do centro da Gulbenkian, da Fundación “la Caixa”, e do Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (MACBA).

Intitulada “X de Charrua”, a exposição dedicada ao pintor nascido em Évora, que permanecerá no CAM até 26 de outubro, tem curadoria de Ana Ruivo e Leonor Nazaré.

António Charrua iniciou atividade nos anos 50 do século XX, começando por explorar a figuração humana, os espaços da cidade, e na década seguinte passou para a abstração, com uma nova intensidade na sua pinturas, nos anos 70 muda para uma exploração da pintura-escultura, usando outros materiais como ferro e madeira.

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No final dessa década aprofunda a pesquisa sobre as relações entre formas e símbolos, a génese e a transformação da consciência, e nas seguintes acentua-se uma busca de sentido para a humanidade.

A exposição “Tensão e Liberdade”, com base em três coleções ibéricas de arte contemporânea, tem curadoria de Isabel Carlos, diretora do CAM, e fica também patente até 26 de outubro.

Nesta mostra estará reunida mais de meia centena de trabalhos de artistas como Bruce Nauman, Antoni Muntadas, Mike Kelley, Pepe Espaliú, Miroslaw Balka, Richard Hamilton, Samuel Beckett, Eric Baudelaire, Asier Mendizabal, Damián Ortega, Ana Hatherly, João Abel Manta, Vasco Araújo, Gabriel Abrantes, Luísa Cunha e Nuno Nunes Ferreira.

De acordo com o CAM, apesar da exposição remeter para a arte ocidental da segunda metade do século passado, o título “assume um significado especial nos dois países ibéricos já que estiveram sujeitos a regimes ditatoriais prolongados e envolvidos em guerras, civil e colonial”.

Por esta razão, muitas das obras apresentadas situam-se na esfera sociopolítica e revolucionária, como é o caso dos trabalhos dos artistas portugueses Ana Hatherly, João Abel Manta e Nuno Nunes Ferreira.

Do mesmo modo, as questões do género e da sexualidade como origem de tensão social estão presentes nas obras de Vasco Araújo e Luísa Cunha, enquanto a sexualidade, a arte e a política se cruzam na obra de Mike Kelley.

Bruce Nauman é o autor mais representado, justifica o CAM, “não só por constituir um artista de referência de toda a arte contemporânea, mas fundamentalmente porque os dois conceitos que dão o título à exposição atravessam, de um modo gritante, a sua obra”.

No Museu Calouste Gulbenkian, entre 26 de junho e 26 de outubro, estarão patentes, em diálogo, duas obras: uma do pintor novecentista francês Henri Fantin-Latour e outra do artista português contemporâneo Manuel Botelho.

Nesta iniciativa intitulada “Meething Point”, a Gulbenkian promove o diálogo entre obras do Museu Gulbenkian e do CAM, tendo já apresentado uma obra de Paula Rego com outra de Rembrandt.