O ex-líder do Bloco de Esquerda Francisco Louçã, que está em Atenas, considerou que as declarações de alguns responsáveis políticos sobre a Grécia “ultrapassaram já o limiar do que a democracia pode tolerar”.
Em declarações à agência Lusa a partir da capital grega, onde participa numa apresentação do relatório preliminar de uma comissão oficial de auditoria à dívida grega, Louçã falou de intervenções como as da diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, que no final do Eurogrupo de hoje disse que o importante agora é “restaurar o diálogo” com Atenas e que esse seja feito com “adultos na sala”.
“É uma declaração estranha, vinda de uma pessoa com a experiência politica que Lagarde tem”, considerou o antigo líder do Bloco, que estranhou “o transformar” de “questões políticas em coisas pessoas”.
Louçã advogou ainda que, “se a Grécia sair do euro, é por causa do Banco Central Europeu (BCE)”, pelo que o líder da instituição, Mario Draghi, tem sido particularmente “cauteloso”.
“O incumprimento [da Grécia] não desencadeia contrapartidas institucionais a curto prazo, a não ser que o BCE corte liquidez”, sustentou.
No que se refere à comissão de auditoria à dívida grega, Louçã realçou a presença de “cerca de 30 elementos do Governo” helénico, por entre ministros e secretários de Estado, na apresentação do trabalho.
O relatório, “muito denso em termos jurídicos”, é tido como “muito central do ponto de vista institucional” em Atenas, acrescentou Francisco Louçã à Lusa.
Francisco Louçã está na capital grega a convite da presidente do parlamento, Zoe Konstantopoulou.