O antigo líder da distrital do PS e candidato à corrida a Belém em 2016 afirma que há “desigualdades institucionalizadas” no tratamento de candidatos apoiados por partidos e independentes, queixando-se de falta de respostas da CNE e de queixas na ERC contra meios de comunicação social. Algumas das suas principais medidas serão diminuir os serviços da Presidência da República e ser um chefe de Estado que “mostre estar com a sociedade”.

Ainda militante do PS, embora afirme não pagar as quotas há quatro anos, Cândido Ferreira, médico de 66 anos, vem esta tarde a Lisboa por considerar que o lançamento oficial da sua candidatura em abril não teve cobertura mediática suficiente, relatando que desde essa data, não há mais portugueses a conhecê-lo. “Tenho mais de metade das assinaturas na mão, mas tem sido através de amigos, já que a generalidade das pessoas não sabem quem eu sou. O trabalho da comunicação social não está a ser feito”, acusa o candidato, em declarações ao Observador.

No meio de quase duas dezenas de candidatos, Ferreira reconhece que há muitos que “não têm capacidade para recolher assinaturas” nem ir em frente com a campanha, mas diz que esse não é o seu caso. “Plantei mais árvores, criei mais crianças e escrevi mais livros que todos os outros candidatos juntos”, afirma, não compreendendo por isso as dificuldades em conseguir mais atenção e as mesmas condições dos candidatos mais destacados.

O candidato lançou ainda farpas a Henrique Neto, também candidato presidencial, que em tempos convidou para encabeçar a lista de Leiria à Assembleia da República. “Foi apoiado por mim e rapidamente delapidou o meu e outros apoios. Ele não é a pessoa indicada para gerar consensos. Tem também contra ele o problema da idade”, afirma Ferreira.

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“Tenho tido dificuldades com as juntas de freguesias, controladas pelos partidos. Não tenho respostas da CNE nem da ERC, devido a uma queixa que apresentei, as contas das campanhas agora são fiscalizadas pelo Tribunal Constitucional em vez de serem pelo Tribunal de Contas – o que significa que são os juízes escolhidos pelos partidos que as vão fiscalizar”, acusa o candidato.

Em termos ideológicos, Candido Ferreira diz estar entre a esquerda caviar “que não representa os ideais do povo português” e “uma direita que sofre dos mesmos tiques”. Diz que como integrante das estruturas do PS era mais fácil receber atenção, mas também não havia tantos independentes.

Sobre a sua saída do PS, diz que saiu “em profunda divergência” e se demitiu de todos os cargos que ocupava. Embora não ponha de parte um apoio do PS, já que se identifica com os partidos socialistas europeus, o candidato diz que não vai procurar qualquer elo. “Fazia sentido que a minha candidatura fosse apoiada por António Costa e se ele fizesse isso, não estaria com o problema de sondagens com que está, mas não vou procurar esse apoio”, garante.

Uma das suas primeiras medidas caso chegue a Belém, será reduzir os serviços ao dispor do Presidente e dos ex-Presidentes. “Os gastos atuais são 180 vezes superiores aos do mandato de Ramalho Eanes. As comitivas são absurdas e fazem lembrar o reinado de D.João V. Quero trazer de volta o espírito de Manuel de Arriaga”, afirma o candidato, defendendo ainda que o Presidente “tem obrigação de mostrar à sociedade que está com ela” – ao contrário do que considera ter sido feito por Cavaco Silva.