O jornalista Pedro Camacho vai ser o novo diretor da Agência Lusa na sequência da demissão de Fernando Paula Brito, que tinha a pasta da direção desde 2011. A decisão da administração em fazer mudanças a cerca de um mês das eleições legislativas foram justificadas pela administração com o argumento de que o timing mais indicado é precisamente antes do ato eleitoral para não ser acusada de instrumentalização política. “Não queremos ser colados à ideia de fazer mudanças porque houve uma mudança de Governo. Com este Conselho de Administração isso não acontece seguramente. Quem ganhar (as eleições) sabe que o Conselho de Administração tem uma direção de informação na Lusa”, terá dito Teresa Marques, presidente daquele órgão, de acordo com o comunicado do Conselho de Redação a que o Observador teve acesso. “O que não é fundamental é ouvir que a direção de informação muda quando muda o Governo”, terá ainda acrescentado.

Esta posição suscitou já uma tomada de posição dos editores da Lusa que enviaram para a administração um texto em que manifestam “incredulidade perante o momento escolhido”, consideram “inapropriado que se efetue uma alteração na direção de informação da Lusa nesta conjuntura” e lamentam “a fragilização da imagem da Lusa”.

Teresa Marques confirma ao Observador que proferiu aquelas afirmações, explicando que a opção seria sempre questionada: “Se tivéssemos feito a mudança após as eleições, isso seria interpretado da mesma forma que foi no passado: muda o governo, muda o diretor de informação. É importante que se perceba que o diretor de informação não muda de acordo com o governo mas muda de acordo com o conselho de administração”. A responsável, que entrou em funções em janeiro, lamentou a polémica gerada porque o que queria com esta movimentação era “afastar o espetro político da mudança da direção de informação.” As mudanças não foram feitas mais cedo porque o conselho de administração precisou de tempo para estudar a empresa e propor a reestruturação agora iniciada – na próxima semana já serão postas em prática algumas mudanças como a autonomização de uma Direção Comercial e de Marketing.

O Governo já veio manifestar o seu distanciamento face a estes acontecimentos. “De acordo com a lei, o Governo não interfere nesta matéria e a lei é para cumprir”, afirmou ao Observador o ministro-adjunto do primeiro-ministro, Miguel Poiares Maduro, que tem a tutela da comunicação social, questionado sobre estas mudanças em vésperas de eleições legislativas. “Eu dei indicações a várias entidades sobre a minha tutela para não tomarem decisões que pudessem ser vistas como interferindo na campanha eleitoral”, acrescentou. “Dei esta indicação geral, mas não posso interferir”, reforçou.

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Esta quarta manhã, a atual direção de informação da agência Lusa anunciou num comunicado interno a decisão de se demitir em bloco, depois de lhe ter sido comunicada pela administração a intenção de afastar Fernando Paula Brito. A direção atual da Lusa demitiu-se depois de o Conselho de Administração da agência ter decidido afastar o diretor de informação, Fernando Paula Brito, em funções desde 2011.

Numa nota à redação da agência de notícias, Fernando Paula Brito explica que o Conselho de Administração da Lusa, através da sua presidente, Teresa Marques, o informou da sua “decisão de realizar uma alteração na estrutura da Lusa que inclui a mudança do diretor de informação”.

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Na sequência desta decisão, os diretores adjuntos — Nuno Simas e Ricardo Jorge Pinto, também em funções desde 2011 — apresentaram também a sua demissão “solidariamente”, o que representa a saída de funções de toda a direção de informação.

Na mesma nota, Fernando Paula Brito adianta que se manterá em funções até 4 de outubro. “Orgulho-me de ter coordenado o trabalho de uma direção e de uma equipa de jornalistas, e de, juntos, termos feito um trabalho seguindo critérios de isenção, rigor, independência e respeito pelo pluralismo”, refere.