Foi em Ofir, no encerramento da rentrée do CDS, que Paulo Portas quis traçar uma fronteira: na campanha vai falar-se de Sócrates, o político; mas não se falará, não no CDS, de Sócrates o suspeito. Bastou menos de um minuto de intervenção para que o guião fosse traçado:

“Esta campanha é sobre política, não é sobre casos judiciais. Fui porventura o deputado que mais oposição fez ao antigo primeiro-ministro. Achei que a sua política levaria Portugal à ruína – e levou mesmo. Os sacrifícios e os vexames para tirar Portugal da ruína foram muitos e foram dolorosos. Luto pela vitória da coligação porque não quero, sequer, correr o risco de que se repitam os mesmos erros, as mesmas causas e as mesmas consequências. Outra coisa são os processos judiciais: não quero candidatos do CDS a comentá-los: nunca o fizemos e não o faremos agora. Acreditamos na separação de poderes.”

Na sua intervenção deste domingo, Portas elencou várias críticas aos socialistas, sempre na mesma linha: a de que a eleição do PS para o governar o país constitui um risco. Aqui estão cinco desses pontos de Portas, deixados aos jovens centristas que estiveram a última semana na Escola de Quadros, discutindo política:

  1. Não votem em partidos que hipotequem o país com dívida pública. Confiem em quem é prudente e rigoroso com a dívida pública”;
  2. “O caminho que propomos é o que mais preserva este novo ciclo económico e que evita que voltemos ao ciclo do resgate e da recessão. Temos razões para dizer que a trajetória do desemprego vai caindo; temos crescimento mais alto do que a média da zona euro, o investimento a subir, as exportações a bater recordes, o turismo a contribuir para o novo ciclo, a agricultura a crescer.”
  3. “Vejo gente na oposição a desprezar a política de estágios. Seis meses depois de terminarem, dois terços dos jovens encontraram um posto de trabalho. Ajudaram os mais jovens a encontrar um posto de trabalho. Estão a desprezar o brio e capacidade dos jovens.”
  4. “Devemos saber explicar várias coisas: lembrar que as pensões mínimas e sociais foram descongeladas, apesar da troika já cá estar; que a CES não foi criada por nós e terminou antes do fim desta legislatura; e que apesar das questões com o TC, o nosso objetivo foi sempre o de favorecer a recuperação dos rendimentos.”

Central no discurso foi a questão da Segurança Social, onde Portas atacou a redução da TSU proposta pelo PS e garantiu que a coligação não vai fazer cortes nas pensões, quando pensar nas medidas para reduzir em 600 milhões de euros o orçamento da Segurança social. “Devemos falar da sustentabilidade de SS sem demagogia”, disse Portas. “É mais factível resolver a questão da poupança dos 600 milhões sem recorrer a cortes, como é nosso compromisso, do que resolver o megaburaco que o PS estima em 6 mil milhões de euros – e pode ir até 14 mil milhões”. E concluiu assim:

“Não vamos alinhar com experimentalismos. Quem causa um problema nas contribuições causa um problema no pagamento de pensões. Não me parece bem que se ponha em causa o médio e longo prazo para realizar um objetivo de curtíssimo prazo, ainda para mais quando o consumo já está a crescer.

No início da intervenção, ficou também uma palavra sobre a crise dos refugiados na Europa. “É preciso dizer-lhes: esta crise não é uma clássica crise de imigração. É a maior crise humanitária que a nossa geração já viu na Europa. Devemos ser humanistas com os que esperam da Europa um sopro de vida com dignidade. E reservar a indignação para com as máfias que organizam. A Europa não pode ser a sepultura trágica de vidas humanas e dos nossos valores. É preciso responder coordenadamente”.

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