Uma equipa de cientistas franceses, do Instituto de Genómica Funcional (sediado em Lyon), afirma ter conseguido produzir pela primeira vez, em tubos de ensaio, esperma humano maduro. A descoberta teria um grande impacto, já que no últimos 20 anos, um pouco por todo o mundo, diversas equipas tentaram fazê-lo sem sucesso. O êxito permitiria aos homens inférteis, incluindo aqueles que se tornam estéreis devido a tratamentos como a quimioterapia, ter filhos biológicos.

Mas estas revelações têm sido recebidas com algum ceticismo. Em declarações prestadas ao Telegraph, Allan Pacey, professor da Universidade de Sheffield que se especializou no tema da fertilidade masculina, afirma estar “profundamente cético” até ver a investigação publicada num jornal científico, e questiona o porquê desta ter vindo a público antes de o estudo ser oficialmente publicado.

É a publicação em revistas científicas de referência com revisão por pares que confere aos estudos mais credibilidade. Uma investigação que não seja sujeita a este escrutínio dificilmente é aceite pela comunidade científica como séria e rigorosa. Além disso, muitas revistas científicas impõem uma política de embargo em que os cientistas não podem avançar a descoberta à imprensa antes da publicação da revista científica ou, caso o façam, os jornais se comprometem a não publicar antes dessa data.

Phillipe Durand, diretor científico da start-up biotecnológica Kallistem e líder da equipa que desenvolveu o estudo, garante ter produzido, a partir do esperma de seis homens inférteis, “uma quantidade significativa de esperma maduro que pode ser usado clinicamente”. As células que deram origem aos espermatozóides maduros foram cultivadas num biorreator. O diretor clínico acrescenta que a utilização deste esperma, produzido em laboratório, estará à disposição do público, o mais tardar daqui a quatro anos.

Se isto será possível ou não no futuro ainda não se sabe. Por agora Allan Pacey, levanta outra dúvida: “A fotografia do esperma publicada [pela equipa de Durand] não é convincente – não me parece ser esperma humano, mas uma célula alongada.”

O professor da Universidade de Sheffield afirmou ainda ao Independent que “afirmações como esta podem muitas vezes provocar angústia a casais inférteis, que as encaram como uma esperança, que depois veem esmagada quando não se traduz num procedimento acessível”.

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