O líder socialista aproveitou a casa cheia do comício do Porto para extremar o apelo ao voto útil: “De um lado o PS”, do “outro lado a coligação de direita”. Costa quer uma maioria e uma maioria absoluta porque diz que o PS é o único partido capaz “e em condições” para garantir um Governo “estável”. O líder socialista foi o último a falar e aos portuenses avisou: “Nestas eleições não há uma segunda volta, não é um campeonato, com uma primeira e segunda eliminatória, não há segunda mão. Não é por pontos, que se pode empatar hoje para ganhar para a semana. Aqui, há uma única oportunidade, ou se ganha ou se perde por quatro anos”.

De cima do palanque, Costa não falou de não aprovar um Governo da direita, preferiu falar ao contrário, apelar num tom mais elevado ao voto útil. Não se refere aos partidos da esquerda nos seus discursos, mas é neles que pretende criar mossa ao dramatizar o apelo ao voto: “É cada voto que decide o governo que sai e o Governo que entra. (…) É cada voto que decide como é que este governo desaparece e como é que o nosso governo se constitui. Temos de dizer a todos que a única forma segura, estável e de confiança para fazer esta mudança é votando no PS e criar um governo maioritário do PS”.

Com as sondagens a darem um equilíbrio que está difícil de desmanchar, Costa fala da necessidade de “condições para governar”. E que condições são essas? A “maioria absoluta” que entrou hoje em força no discurso do socialista. Falou dela de manhã, numa visita às Caxinas, mas apenas porque foi questionado pelos jornalistas. À tarde subiu o tom e falou dela no final do discurso que fez na Cordoaria, perto da Torre dos Clérigos, no Porto.

Sabemos bem que uma maioria absoluta é necessária, mas sabemos também que uma maioria absoluta não é suficiente. Deve existir com diálogo social, com compromissos políticos alargados. É por isso que é o PS, pela posição que sempre teve na sociedade portuguesa, na vida política portuguesa, que está em melhores condições de merecer a confiança para ter a maioria absoluta, promover o diálogo social e garantir um compromisso político alargado”.
No discurso mais político que fez desta campanha eleitoral, António Costa acusou o Governo de ter uma “atitude altiva e arrogante, dizendo que os portugueses eram piegas” e de ser um Executivo que mostra um grande “radicalismo” e que por isso “quem dividiu os portugueses, não está em condições de os unir”. Disse que que quem “trai uma vez trai segunda vez” e pediu “muita cautela”: “Nesta campanha eleitoral eles bem querem parecer a avozinha do capuchinho vermelho, mas eles são mesmo o lobo mau”.

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Costa tinha acabado de ouvir António Vitorino. O socialista foi o orador convidado e dramatizou o apelo ao voto útil no PS. É o primeiro socialista a fazê-lo de forma tão clara. No final da primeira semana de campanha eleitoral oficial, o socialista pede claramente: “Compreendemos [quem quer uma mudança mais radical], mas cuidado, pensem bem no voto que vão fazer, porque à procura de uma mudança quimérica podem acabar deixando tudo na mesma”, disse.

A ideia estava lançada. Depois de atirar ao Governo de Passos Coelho e Paulo Portas, sobretudo a este último que “foi destacado para atacar o PS”, disse, Vitorino reforçou o apelo: “Ao não concentrarem votos no PS, no dia 5 serão confrontados com os rostos de Passos Coelho e Paulo Portas”.