A União Europeia (UE) considerou que os recentes ataques em Moçambique, que tiveram como alvo o líder da Renamo, prejudicam a estabilidade e a democracia no país.

“Os dois recentes ataques que têm como alvo líder da Renamo, Afonso Dhlakama, são prejudiciais à estabilidade, ao progresso democrático e ao desenvolvimento económico do país”, segundo um comunicado do serviço de Ação Externa da UE.

A UE espera ainda que “seja realizada uma investigação rápida e aprofundada que esclareça as circunstâncias em que se deram os incidentes”, salientando que os atacantes sejam julgados.

“Nas últimas duas décadas, Moçambique foi uma história de sucesso na transição da guerra para a paz”, refere ainda o comunicado, acrescentando que Bruxelas se junta a todos os que apelam à calma e ao diálogo construtivo.

“Todos os esforços para o restabelecimento da confiança, o relançamento do diálogo e o encontrar de soluções para a reconciliação e a paz duradoura devem ser asseguradas”, considerou ainda a UE.

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O mais recente incidente de violência política em Moçambique aconteceu ao fim da manhã de sexta-feira, na Estrada Nacional 6 (EN6) em Zimpinga, distrito de Gondola, quando a comitiva do líder do maior partido de oposição seguia para Nampula, norte de Moçambique.

O líder da Renamo disse à Lusa que foi alvo de uma emboscada das forças de defesa e segurança, mas a polícia rebateu esta versão, sustentando que foi a comitiva de Dhlakama que provocou o incidente ao assassinar o motorista de um ‘chapa’ (carrinha de transporte semipúblico) que passava no local.

A Renamo disse que resultaram desde incidente sete mortos entre a comitiva de Dhlakama e dezenas entre os alegados atacantes e a polícia refere 20 vítimas mortais, 19 do partido de oposição e um civil.

Na reação ao incidente, a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no poder, descreveu Dhlakama como um fora de lei e terrorista, instando-o a abandonar as armas, enquanto a Renamo acusou o Governo de tentar assassinar o seu presidente.

Este é o segundo incidente em menos de duas semanas que envolve o líder da Renamo, depois de no passado dia 12 de setembro, a comitiva de Dhlakama ter sido atacada perto do Chimoio, também na província de Manica.

Na altura, a Frelimo acusou a Renamo de simular a emboscada, enquanto a polícia negou o seu envolvimento, acrescentando que estava a investigar.

Em entrevista ao semanário Savana, o ministro da Defesa, Salvador Mtumuke, também negou o envolvimento do exército.

Moçambique vive sob o espetro de uma nova guerra, devido às ameaças da Renamo de governar pela força nas seis províncias do centro e norte do país onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 15 de outubro do ano passado.