O Royal Bank of Canada (RBC) está “preocupado” pelo facto de, como o Observador tem apontado, os juros de Portugal estarem nos últimos dias a evoluir na direção oposta em relação aos outros países do Sul da Europa, nomeadamente a vizinha Espanha. Os analistas do banco alertam que “os nervos na zona euro ainda estão em franja” e “qualquer passo em falso” nos países mais fragilizados pela crise da dívida pode “levar a um agravamento dos juros”, apesar da atuação do BCE no mercado. O RBC diz, também, que tem “questões quanto à estabilidade” de um eventual governo liderado por António Costa, apoiado no Bloco de Esquerda e no PCP.

“Um governo formado por Costa apenas poderá acontecer se [o líder do PS] ceder às exigências da esquerda e seguir políticas que poderão estar em confronto direto com os acordos com a União Europeia“, escreve a equipa de analistas liderada por Peter Schaffrik em nota de análise, enviada aos clientes esta quarta-feira, a que o Observador teve acesso.

Por outro lado, assinalam os analistas do RBC, “Costa já afirmou claramente, por várias vezes, que planeia respeitar as regras europeias e só admite liderar uma aliança que aposte em políticas que mantenham Portugal dentro da zona euro”. O que, notam os analistas, “levanta questões quanto à estabilidade de qualquer eventual governo liderado pelo PS” com apoio dos partidos à esquerda.

“Mercados estão muito preocupados”

As taxas de juro da dívida portuguesa estão a aliviar esta quarta-feira, após três consecutivos de agravamento nos juros, beneficiando do maior otimismo que está hoje a marcar as bolsas e o mercado de dívida europeu. A yield a 10 anos está a descer seis pontos base para 2,41%, o que o RBC reconhece que “continuam a ser taxas de financiamento atrativas para o Estado português”.

Mas “o facto de os juros estarem nos últimos dias a mover-se na direção oposta aos outros países periféricos é preocupante”, diz Peter Schaffrik e os seus colegas. “A reação do mercado tem sido pequena mas é claramente discernível“, salientam os analistas, que reconhece que “não estamos em modo de crise – ainda”. O RBC recomenda aos clientes que “se mantenham atentos à situação” mas afiança que não haverá “contágio” da situação portuguesa aos outros países.

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