O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, afirmou hoje que as reivindicações dos professores se mantêm, mas reconheceu “haver mais convergências com os partidos de esquerda”.

Mário Nogueira falava à Lusa, no final da reunião do Conselho Nacional da Fenprof, e disse que nas reuniões que se realizaram com o PS, PCP, Bloco de Esquerda e “Os Verdes” “houve muitos pontos de convergência” na área da educação, e “que será possível alterar muita coisa, o que com a direita já se sabe que não é possível”.

Relativamente aos pontos de convergência, Mário Nogueira referiu “a defesa da escola pública, a questão da municipalização, as condições de trabalho dos professores, relativamente aos concursos e à instabilidade do corpo docente, em que é possível fazer caminho e alterar muito do que hoje existe”.

Quanto ao programa do atual Governo, liderado por Pedro Passos Coelho, na área da educação, o sindicalista afirmou que “são paralelos”, não havendo qualquer ponto “em que se toquem”.

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“O programa de Governo que foi entregue na Assembleia da República, no dia 06 de novembro, não constitui novidade, uma vez que corresponde ao que foi apresentado pelo PSD e pelo CDS nas eleições legislativas e que foi recusado pela maioria dos portugueses, no passado dia 04 de outubro”, lê-se no comunicado da Fenprof, hoje divulgado.

O dirigente sindical vaticinou uma curta duração para o Governo apoiado pela coligação PSD/CDS, e disse que a Fenprof irá estar na terça-feira “frente à Assembleia da República para assistir à queda do Governo, saudando a rejeição do Governo e do seu programa, e também demonstrando ao Presidente da República que deve respeitar a vontade do povo português que se expressa na maioria que existe atualmente na Assembleia da República”.

Relativamente a um possível governo de esquerda, o Mário Nogueira defendeu “toda a flexibilidade para encontrar as soluções”, sem alterar as posições que tem defendido, mas reconheceu que “os problemas são muitos, que se agravaram nestes [últimos] quatro anos”, que é necessário “traçar prioridades”, pois “não é possível tudo ao mesmo tempo, e encontrar as soluções indispensáveis”.

No comunicado hoje emitido pode ler-se que “a correlação de forças que hoje existe na Assembleia da República abre perspetivas mais positivas em relação ao futuro”.

“Não apenas se afigura possível evitar medidas que estavam previstas e tiveram expressão programática em período eleitoral (com grande destaque para a revisão da Lei de Bases do Sistema Educativo ou a concretização da chamada reforma do Estado, dela se destacando a municipalização e a privatização, ou a opção por vias formativas de baixíssima qualidade, como são os cursos vocacionais), mas também se torna viável revogar outras que já estão em prática, em relação às quais os partidos que elegeram a maioria dos deputados já se manifestaram contrários”, lê-se no mesmo texto.

“Exige-se da Fenprof e dos seus sindicatos assertividade, oportunidade e firmeza na apresentação de propostas, devendo ser rapidamente definida a estratégia de intervenção e o plano da ação a levar por diante, tendo em conta o que são exigências imediatas e outras cuja concretização deverá ter lugar no curto e médio prazo. Em suma, há que definir uma estratégia reivindicativa adequada à atual situação política nacional e que, por dar confiança aos professores, seja mobilizadora para a sua ação”, exorta o comunicado.