Podia ser só mais uma t-shirt (ou sweatshirt) monocromática com uma mensagem escrita ao nível do peito. Podia, mas não é. Em outubro último, a modelo e atriz Cara Delevingne foi fotografada nas ruas de Paris a usar uma sweatshirt com as palavras The Future is Female (“o futuro é das mulheres”, em português) sob um casaco de cabedal escuro. Não foi necessariamente a combinação das peças de roupa que chamou a atenção da imprensa internacional, antes a frase que remete para um movimento feminista dos anos 1970. Mas já lá vamos.
#NEW | Cara Delevingne ~ In Paris, France (20.10.2015) pic.twitter.com/v0VNuvCFkp
— Kristen Vicky (@HQCelebrity1) October 22, 2015
Também a namorada de Delevingne, Annie Clark (St. Vincent), parece ter ficado rendida à camisola em questão, ao ser vista dias mais tarde a combiná-la com uma mala Chanel. O resto do mundo, como vem sendo hábito, adotou o gosto da it girls, com a sweatshirt a marcar presença em diferentes redes sociais, Instagram e Tumblr incluídos.
Este parece ser o regresso de um ícone de moda — se assim o pudermos chamar — que já antes fez história. Conta o New York Times que a t-shirt foi vista pela primeira vez em 1975, altura em que foi imortalizada num retrato que a fotógrafa e artista Liza Cowan fez da sua namorada, Alix Dobkin. Já o design foi originalmente criado para a Labyris Books, a primeira livraria para mulheres em Nova Iorque.
O slogan em causa diz respeito a movimentos feministas, incluindo o “separatismo lésbico”, tal como explica Rachel Berks, a proprietária da única loja que atualmente vende as respetivas peças de roupa — Otherwild, em Los Angeles. “A t-shirt é uma reação a uma cultura misógina e patriarcal que afeta muitas pessoas”, disse Berks ao New York Times num artigo datado de 18 de novembro, o qual já gerou muita polémica.
As t-shirts e sweatshirts estão disponíveis por 28 e 57 euros, respetivamente (há ainda babygrow para recém-nascidos), sendo que 25% do valor das vendas será doado à Planned Parenthood. E sim, os produtos estão a escoar tão bem que Rachel Berks vendeu todas as suas 24 peças em apenas dois dias.
O slogan pode até ser coisa do momento, com celebridades a ajudarem à causa, mas esconde uma importante mensagem, segundo que o se pode ler no site da Otherwild:
Este slogan tem durado ao longo das décadas e está a emergir como uma afirmação de emancipação para todas nós, enquanto os direitos e os corpos das mulheres continuarem a ser atacados.”