Os cinco melhores

One of Us, de Asne Seierstad (Virago)
A autora do bestseller O Livreiro de Cabul conta a história de Anders Breivik, o terrorista norueguês que matou dezenas de jovens na ilha de Utoya — e fá-lo com detalhes microscópicos. Mesmo podendo não se concordar com tudo, a Nota da Autora, no início, e o Epílogo, a partir da página 514, nos quais explica como fez a investigação para One of Us, deviam ser fotocopiados em massa e entregues a qualquer pessoa que queira escrever um livro de não-ficção.

Lisboa — cidade triste e alegre, de Victor Palla e Costa Martins (Pierre von Kleist editions)
É, possivelmente, o livro mais bonito do ano. Publicado originalmente em fascículos em 1958 e 1959, foi agora ressuscitado numa edição impecável. As fotografias do dia a dia em Lisboa são acompanhadas pela poesia de Alexandre O’Neill, Jorge de Sena, Fernando Pessoa e outros. Só um alerta, para ninguém ser apanhado desprevenido: custa 90 euros.

Em Movimento — uma Vida, de Oliver Sacks (Relógio D’Água)
Este livro autobiográfico fecha, no ano da sua morte, a longa lista de obras (O Homem que Confundiu a Mulher com um Chapéu, Despertares, etc.) do médico que apresentou os mistérios da neurologia às massas — e que, nesse processo, humanizou de forma desconcertante os seus doentes. Já não fica mais nada para contar.

The News from Waterloo — the Race to Tell Britain of Wellington’s Victory, de Brian Cathcart (Faber & Faber)
Por causa do bicentenário, este ano escreveram-se milhares de páginas sobre Waterloo, mas nenhuma é tão fascinante como estas 335. Apesar de na época existirem dezenas de jornais em Londres, não havia nenhum repórter presente na batalha. Por isso, depois da derrota de Napoleão foi preciso fazer com que a notícia chegasse a Inglaterra. O interessante é o “como”.

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Believer, de David Axelrod (Penguin Press)
Axelrod foi um dos conselheiros mais próximos de Barack Obama, mas as partes mais interessantes deste livro passam-se quando ele não está presente. Antes do aparecimento do candidato/presidente, ficamos a conhecer todas as esquinas e buracos das pequenas campanhas eleitorais americanas. Depois, quando Axelrod deixa a Casa Branca, vemos o vazio de alguém que deixou de ter o telefone a tocar.

O pior

Política de vida, de Sampaio da Nóvoa (Tinta da China)
É um subgénero literário a que não se consegue escapar: na véspera de cada eleição, a maioria dos candidatos sente a urgente necessidade de publicar um livro. Alguns têm pelo menos a utilidade de servir para confrontar no futuro os políticos com decisões que contrariam aquilo que escreveram. Este, nem isso: é difícil tomar decisões que contrariem o vazio.

[Veja nesta fotogaleria as capas dos livros escolhidos por Miguel Pinheiro]

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