A escola belga onde estudava um dos terroristas que se fez explodir em Paris nos atentados de 13 de novembro tinha um longo dossiê sobre a radicalização do aluno preparado há meses. A instituição académica chegou mesmo a avisar as autoridades educativas de Bruxelas, em abril, que Bilal Hadfi tinha ido para a Síria há pouco tempo. Só que nem as informações nem os avisos chegaram a tempo ao órgão belga que analisa as ameaças terroristas.

Segundo o jornal De Morgen, que teve acesso a documentação interna da escola técnica Anneessens-Funck, o terrorista de 20 anos manifestou algumas opiniões sobre homossexualidade, música e terrorismo que levantaram suspeitas aos professores. Bilal Hadfi terá mesmo aplaudido em plena sala de aula o ataque ao Charlie Hebdo, no início deste ano. Preocupados, os dirigentes escolares foram compilando informações e, ao mesmo tempo, fizeram com que o jovem tivesse apoio especializado.

Agora, uma organização que vigia a ação das polícias belgas, o Comité P, está a investigar porque é que ninguém fez nada para impedir que Bilal Hadfi se radicalizasse e se fizesse explodir perto do Stade de France, em Paris, no mês passado. Foi esta explosão que levou à morte de Manuel Colaço Dias, de 63 anos, uma das duas vítimas portuguesas dos atentados.

Esta revelação vem juntar-se a um conjunto de outras que ilustram as falhas das autoridades belgas no combate ao terrorismo. Um dos suspeitos dos ataques a Paris, Salah Abdeslam, conseguiu chegar a Bruxelas logo na noite de 13 de novembro sem que nenhum de três controlos policiais o tenha impedido. Pouco depois de algumas operações antiterroristas no bairro de Molenbeek, em Bruxelas, soube-se que ele tinha estado ali escondido durante uma noite, mas que a polícia não o deteve por um impedimento legal.

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