O secretário-geral do PSOE, Pedro Sanchéz, não percebe como é que do Podemos vem tanto “ódio e rancor” e acredita mesmo que o líder daquele partido, Pablo Iglesias, traiu os seus eleitores ao votar contra a sua solução governativa. Em entrevista, este domingo, ao jornal espanhol El País, Pedro Sanchéz afirma que nas últimas semanas as relações entre os dois partidos azedaram, mas mantém a esperança numa ratificação daquele que considera um “governo de mudança”.

O líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) foi, esta sexta-feira, chumbado para encabeçar o próximo Governo. Numa esquerda dividida, Sanchéz conta com o apoio do Ciudadanos, de Albert Rivera, mas precisaria dos votos de Pablo Iglesias para evitar eleições legislativas a 26 de junho.

Na entrevista que deu ao diário espanhol, o líder do PSOE afirma ter um acordo fechado com 200 reformas que podem ser o embrião para um futuro Governo. Um acordo que “reúne consensos da esquerda e da direita”. Por isso quer sentar-se com os outros partidos em busca de mais apoios para um “governo de mudança”.

Muitas das reformas necessárias requerem contribuições ideológicas tanto do centro direita como do centro esquerda que o Ciudadanos e o PSOE representam”, afirma.

Quando confrontado se o Podemos podia ser um “aliado”, Sanchéz diz não perceber como é que o seu líder, Pablo Iglesias, criou tanto “ódio e rancor” pelo PSOE. “Pensava que, por afinidade ideológica, iria ser mais fácil falar com o Podemos do que com o Ciudadanos.”

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Embora existam temas em que o socialista acredita que possam chegar a um entendimento, outros há em que considera “impossível um acordo”. E dá como exemplo o referendo para “quebrar com a integridade territorial de Espanha, a divisão de poderes que eles defendem e esse aumento exorbitante do gasto público, em mais de 96 milhões milhões de euros”. Um “desacordo radical” afirma, do qual não abdica mesmo a precisar do apoio partidário.

“É paradoxal que, com o seu voto contra a minha investidura, o que ele fez é que o Governo continue nas mãos de Mariano Rajoy. Creio que Iglesias traiu os seus eleitores e que estratégica e taticamente está a jogar para que haja novas eleições em Espanha”, diz o secretário-geral que até entende que muitos dos eleitores que antes votavam no PSOE tenham votado no Podemos como forma de “revitalização da esquerda”.

Quando lhe perguntaram se não teria sido mais simples procurar, desde o início, o acordo com o Partido Popular (PP), Sanchéz lembrou que em democracia “é necessário contraste e disputa ideológica”. Ainda assim recorda alguns entendimentos, como a luta antiterrorista, a defesa da integridade territorial. Não fechando as portas a futuros acordos noutras matérias.