O Sindicato dos Trabalhadores da Atividade Financeira (SINTAF) defendeu que a solução para o Novo Banco passa pela nacionalização e alertou que a rescisão por mútuo acordo com trabalhadores da instituição não pode ser “um despedimento coletivo encapotado”.

“Nós consideramos que, neste momento, uma venda será totalmente desastrosa para os contribuintes, para os trabalhadores e para as suas famílias e defendemos a nacionalização do banco”, disse à Lusa Rute Pires, coordenadora da comissão intersindical do SINTAF — Novo Banco, realçando que a rescisão de comum acordo não pode ser “um despedimento coletivo encapotado”.

De acordo com a líder sindical, que falava hoje à Lusa à margem de uma conferência de imprensa realizada junto à sede do Novo Banco, em Lisboa, “qualquer venda do Novo Banco, neste momento, é desastrosa porque não vai ser pelo real valor do banco, pelo seu justo valor”, assim, defende, “a solução que passa por o colocar sob controlo público do Estado seria a melhor, até ver”.

“Se seria [a solução] definitiva ou não, isso seria avaliado atempadamente. É importante para o país ficar com o banco na esfera pública e nacional, além de poder garantir um processo de reestruturação se necessário, avaliado ano a ano e não assim de rompante e por imposição”, salientou a sindicalista.

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Quanto às rescisões amigáveis, que estão a decorrer na instituição, a responsável sindical sublinhou que estas não podem ser “um despedimento coletivo encapotado”, pois os trabalhadores “não vão negociar de livre vontade, pois já vão com a espada do despedimento coletivo em cima”.

Para o SINTAF, os trabalhadores “não podem [também] pagar pela gestão danosa”.

De acordo com o sindicato o banco liderado por Stock da Cunha “tem viabilidade, tem condições para se manter no mercado, para continuar a dar apoio às pequenas e médias empresas e para ajudar a economia portuguesa”.

O sindicato refere ainda que o Novo Banco, por imposição da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu (BCE) está a concretizar o processo de reestruturação que tem como objetivo “a redução de mais 1.000 trabalhadores, fecho de dezenas de balcões e a venda de ativos, alguns estratégicos”.

Trata-se de uma imposição que “visa reduzir a quota de mercado do banco” e prepará-lo para ser entregue a um grupo internacional, “com destinatário previamente definido”, num processo de concentração que “não vai ficar por aqui”, conclui.