“As investigações vão continuar a decorrer como antes, apesar do anúncio do Pentágono. Por isso, isto não é o fim do assunto, de forma alguma”, disse o congressista, referindo-se às investigações que decorrem no Congresso sobre manipulação de estudos relativamente a instalação de um centro de informações em Inglaterra.

O Departamento de Defesa dos EUA entregou na segunda-feira ao Congresso um relatório que afasta a hipótese de a Base das Lajes receber um centro de informações, que está planeado para Inglaterra, ou qualquer outro uso alternativo.

Nunes, que serve como diretor do Comité de Informações da Câmara dos Representantes, disse acreditar que “o Pentágono está a usar informação largamente incorreta e a alterar números para justificar a decisão que pretende quanto à localização do Centro Conjunto de Análise de Informação”.

O Pentágono diz que o centro na Inglaterra permite uma poupança de 74 milhões de dólares por ano e que a opção das Lajes representaria um investimento inicial de 1,14 mil milhões de dólares, e um custo anual extra de 43 milhões.

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O congressista considerou que estes números são “completamente fabricados” e que, tendo em conta a construção do centro em Inglaterra, a opção das Lajes representa uma poupança de 1,5 mil milhões de dólares a longo prazo.

“Tendo em conta que mais de uma centena de congressistas já expressou preocupações sobre este assunto, e que o tema é agora alvo de múltiplas investigações no Congresso, o Pentágono tem de reconsiderar se o seu rumo representa o mais responsável uso de dinheiro dos contribuintes”, defendeu Nunes à agência Lusa.

Por sua vez, o presidente do Governo dos Açores já considerou que está esgotada a última possibilidade para uma “boa solução” para a base das Lajes.

“Julgo que se esgotou a última possibilidade de, dentro do atual quadro do acordo de cooperação e defesa [com os Estados Unidos], podermos ter uma boa solução ou uma solução satisfatória para esta questão”, afirmou Vasco Cordeiro.

Para o presidente do Governo Regional, “não resta outra alternativa senão desencadear um processo de revisão do acordo de cooperação e defesa”, assim como dos acordos técnico e laboral, considerando que “os pressupostos que presidiram à celebração do acordo naquilo que tem a ver com a presença norte-americana são completamente diferentes”, além de que a forma como este processo decorreu “também não honra o espírito desse acordo”.

Em 1995, Portugal e os EUA assinaram, em Lisboa, o acordo de cooperação e defesa, que inclui, além deste acordo, também o acordo técnico, que regulamenta a utilização da base das Lajes e outras instalações militares portuguesas, e o acordo laboral, que regula a contratação de trabalhadores nacionais na base açoriana e a ata final.

O acordo criou a comissão bilateral permanente, que ficou incumbida de promover a sua execução e a cooperação entre os dois países, reunindo-se semestralmente, de forma alternada em Lisboa e Washington. O próximo encontro é em maio, em Washington; o último foi na ilha Terceira, em dezembro.