O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, rejeitou um discurso que encare as instituições europeias como um adversário e salientou, pelo contrário, que ter contas em ordem é essencial para exigir soluções a Bruxelas.

“Não é invulgar ouvirmos, nos órgãos de comunicação social, a ideia de que pode haver sanções contra Portugal, agora, por causa das discussões orçamentais; de que pode haver penalizações, confrontação; no seio da maioria diz-se: ‘É preciso resistir a Bruxelas’. O que está a fazer Bruxelas em relação a Portugal que mereça resistência? Pedir que tenha contas em ordem?”, questionou o presidente do Partido Social Democrata (PSD), no encerramento da conferência do partido sobre os “30 anos de Portugal na Europa”.

O anterior primeiro-ministro realçou, por outro lado, que, “ter contas em ordem é importante para qualquer país europeu, e a Europa no seu conjunto valerá menos” se todos os Estados não se preocuparem com essa componente.

“Não vale a pena estar a criar um inimigo externo que é a Comissão Europeia, que é a União Europeia, quando nós próprios podemos não ter vontade de ter as nossas contas em ordem”, disse Passos Coelho, que frisou começar a ver em Portugal a estratégia existente em vários países, de “recriminar sempre a Europa por aquilo que não corre bem”.

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Pedro Passos Coelho afirmou que, “quem exibe o sentido de responsabilidade para poder ter a sua casa em ordem, tem autoridade, moral, até, e política, para reclamar essas soluções que estão em falta”.

Num discurso durante o qual o líder social-democrata sublinhou que cada vez que é lançada a discussão sobre federalismo o debate é “inquinado”, pelo que nem vale a pena tê-la, Passos Coelho questionou ainda se a União Europeia deveria ou não “caminhar progressivamente para uma política de asilo comum, mas também, sobretudo, para uma política de imigração comum”.

“Acho que devíamos. Não há nenhuma razão para que as políticas de imigração permaneçam estritamente como sendo nacionais como estamos a ver”, disse Pedro Passos Coelho, na conferência realizada para antecipar a celebração do dia da Europa (9 de mai0), coincidindo com o 42.º aniversário do partido.

O dirigente social-democrata fez um “balanço claramente positivo” dos 30 anos da adesão, mas constatou como o “fracasso mais gritante” o facto de Portugal não ter conseguido “convergir para a média europeia, nem quando a média europeia baixou com a adesão de novos membros”.