Uma jovem na casa dos 20 anos, que sofria de stress pós-traumático desde os 15 anos, por ter sido vítima de abusos sexuais entre os cinco e os 15 anos, pediu para morrer e os médicos acabaram por permitir a eutanásia, depois de o caso ter sido analisado por três comissões. A morte, divulgada pela imprensa internacional, ocorreu em 2015, mas só agora a Comissão holandesa de Eutanásia a revelou.

Segundo os médicos, a rapariga, que estava em terapia há anos, não iria conseguir recuperar nunca do stress pós-traumático e dos problemas associados como a anorexia, a depressão crónica, as alucinações, a tendência para o suicídio, os comportamentos compulsivos, entre outros. Os médicos justificaram ainda a decisão de aplicar a injeção letal com o facto de a rapariga ter decidido de forma lúcida que desejava pôr termo à vida.

Mas há notícias que dão conta que nos últimos dois anos a rapariga vinha mostrando melhorias no seu estado de saúde mental. O caso reacendeu por isso a gerar discussão em torno da decisão de praticar eutanásia em casos em que as pessoas apresentam problemas mentais. Os críticos interrogam como é que os médicos conseguem medir o “sofrimento insuportável” em pessoas com problemas mentais.

A eutanásia foi legalizada na Holanda em 2002 e só no ano passado houve um total de 5.516 pedidos de pessoas que quiseram pôr termo à própria vida, mais 75% do que em 2010 (3.136 casos). O jornal The Telegraph dá conta que a eutanásia ganhou mais expressão também no caso de pessoas com problemas psiquiátricos. Em 2010 apenas duas pessoas tinham tido autorização das autoridades para morrer (0,1% do total de casos no ano) e em 2015 houve 56 mortes nestas condições (1%). No que diz respeito a casos de demência: número subiu de 25 mortes em 2010 (0,8% do total) para 109 no ano passado (2%).

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A belga “Laura” também pediu para morrer

No ano passado, também o caso de “Laura” foi amplamente noticiado e gerou discussão. A jovem belga que sofria de uma depressão profunda e dizia ter pensamentos suicidas desde a infância, tendo tentado o suicídio várias vezes. Pediu para morrer e também neste caso os médicos deram luz verde.

Em 2014, 13% dos belgas que recorreram à eutanásia para pôr fim à vida não se encontravam numa situação terminal de doença e 3% sofriam de uma desordem psiquiátrica.

Tanto na Holanda como na Bélgica a eutanásia foi legalizada no ano 2002.

Em Portugal, no final de abril foi entregue uma petição na Assembleia da República com mais de 8.000 assinaturas para legalizar a eutanásia e o Bloco mantém a vontade de apresentar um projeto sobre o assunto. Já o PS vai votar uma moção setorial sobre a despenalização da eutanásia no próximo congresso do PS, de 3 a 5 de junho.