Jerónimo de Sousa considera as ameaças de sanções a Portugal “inaceitáveis”. O secretário-geral do PCP falava num comício comunista, em Estarreja, distrito de Aveiro, quando fez questão de lembrar que o país foi obrigado a impedir o crescimento e o desenvolvimento da sua produção devido às políticas económicas, monetárias e financeiras em nome das tais “orientações dessa [mesma] União Europeia” que agora quer penalizar o país.

Recorde-se que, tal como o Observador adiantou este domingo, a Comissão Europeia pode estar a preparar-se para dar a Portugal mais três semanas antes de aplicar sanções ao país. Se nessas três semanas o Governo português não adotar medidas que apontem num sentido claro de consolidação orçamental, então as sanções podem mesmo ser inevitáveis.

Ora, Jerónimo de Sousa não poupa os responsáveis europeus. “[Sanções?] Era o que faltava. Andámos quatro anos a pagar com língua de palmo pelas orientações dessa União Europeia e, agora, vêm dizer que ainda vamos ser multados porque não conseguimos o tal objetivo dos 3%”, afirmou.

O secretário-geral do PCP aproveitou o comício em Estarreja para criticar Maria Luís Albuquerque. Para o comunista, a ex-ministra das Finanças “não tem moral nenhuma” para dizer que, se ainda estivesse nessas funções, Portugal não estaria em risco de ser alvo de sanções por parte da Comissão Europeia.

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“Ao ouvir a senhora Albuquerque fiquei espantando. Então, estão a sancionar-nos e a querer aplicar multas pela avaliação da política do Governo PSD/CDS, porque isto é referente a 2015, em 2015 estava lá a senhora à frente do Ministério das Finanças. Por isso, é melhor dizer à senhora que tenha cuidado, porque os portugueses não são parvos e lembram-se bem do que o seu Governo fez e das suas responsabilidades próprias em relação à situação que vivemos”, disse o líder comunista.

Jerónimo de Sousa disse “até acreditar” que as ameaças das sanções não viessem a acontecer se o Governo PSD/CDS lá estivesse, porque este “estava pronto” para prosseguir com a política de exploração e de empobrecimento.

“Não diz por vergonha, mas ela [ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque] tinha aquela proposta de cortes de 600 milhões de euros na Segurança Social, tinha um ataque aos serviços públicos, queriam mais privatizações, queriam a perda de direitos laborais, era isso que ofereciam aos portugueses, ou seja, podíamos conseguir baixar o défice um bocadinho, mas o povo português tinha de pagar com língua de palmo essa opção”, vincou Jerónimo de Sousa.