Um incêndio num parque de estacionamento do Festival Andanças, em Castelo de Vide, consumiu várias centenas carros e obrigou à evacuação de várias centenas de pessoas. Vários meios de comunicação social estão a avançar que foram afetadas 422 viaturas. De acordo com a GNR de Portalegre, ninguém ficou ferido. A Associação Portuguesa de Seguradoras reuniu-se de emergência esta quarta-feira.

O incêndio terá começada por volta das 15h num dos carros que se encontrava estacionado no parque, junto ao recinto do festival de música e dança. Este ter-se-á depois propagado a outras viaturas devido às altas temperaturas que se fazem sentir na zona.

Ao Observador, o tenente-coronel Belchior, do comando da GNR de Portalegre, confirmou que o “foco do incêndio foi uma viatura” e que “algumas centenas de viaturas” poderão ter sido afetadas ou destruídas. Adiantando que as causas ainda estão por apurar, explicou que, apesar de a “zona principal do recinto não ter sido afetada”, foi aconselhada a evacuação “por precaução”.

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De acordo com o Tenente-coronel Belchior, “a situação está dominada e controlada”, apesar de os trabalhos ainda prosseguirem, de modo a garantir a segurança do local. Apesar de não haver registo de feridos graves, a organização adiantou que algumas pessoas chegaram a ser assistidas no local.

Enrique Matos, professor de Forró que se encontra no Andanças, assistiu ao incêndio e contou ao Observador que o fogo começou na zona do parque utilizada pela organização. “Os carros estavam muito uns em cima uns dos outros”, relatou, garantindo que teve dificuldade em tirar o seu próprio carro do estacionamento.

Enrique Matos falou também em “centenas de carros” destruídos.

Seguradoras reuniram-se de emergência

Segundo a responsável pela coordenação executiva e sustentabilidade do evento, a organização tem um seguro que cobre os danos resultantes do incêndio. “Agora estamos em contacto com a seguradora para avaliar tudo”, referiu.

Perante a maior destruição de carros até hoje no país, a Associação Portuguesa de Seguradoras (APS) reuniu-se de emergência no final da tarde desta quarta-feira. O parque de estacionamento esteve vedado até, pelo menos, às 22h, enquanto peritos das seguradoras e os peritos da Polícia Judiciária avaliavam os danos.

Fonte da comunicação da APS disse ao Diário de Notícias que “a Associação Portuguesa de Seguradoras está a recolher informação sobre o tipo de seguros contratados pelas pessoas. Só amanhã [esta quinta-feira] poderá divulgar uma informação mais precisa”.

“As seguradoras vão querer saber exatamente o que se passou. Todas vão mandar os seus peritos para o local”, explicou Rita Rodrigues, da Associação de Defesa do Consumidor (Deco) ao jornal Público. A responsável da associação reconhece que o acidente deverá motivar a criação de regras excecionais por parte das seguradoras. “Nem em Portugal nem noutros países da União Europeia conheço um sinistro com mais de 400 carros inutilizados”, disse.

Em declarações aos jornalistas, Graça Gonçalves, da organização do Andanças, afirmou que “há condições para manter o festival em funcionamento” e que, da parte dos promotores, “está tudo a postos para continuar”, aguardando-se apenas a autorização das diferentes forças de segurança e socorro. Haverá, no entanto, algumas alterações na programação.

De acordo com a Agência Lusa, no local encontram-se cerca de 160 bombeiros, apoiados por 42 viaturas e por quatro helicópteros. A operação contou ainda com o apoio de 25 militares da GNR de Portalegre.

O Andanças — Festival Internacional de Danças Populares começou na segunda-feira na barragem de Póvoa e Meadas, no concelho de Castelo de Vide. Promovida pela PédeXumbo, a 21ª edição do festival esperava receber, até domingo, 40 mil visitantes.

Festival acordou “tranquilo” na manhã de quinta-feira

“O festival está a prosseguir, as pessoas continuam calmas, a fazer a sua vida normal de festivaleiras, pois os palcos e a cantina estão a funcionar”, relatou à agência Lusa Catarina Serrazina, da organização do “Andanças”.

“Há muitas pessoas que foram lesadas pelo incêndio e nós estamos a prestar o apoio necessário, com vários psicólogos a fazer atendimento. Estamos a acompanhar uma equipa da GNR que está a identificar as matrículas dos carros, os dados das pessoas lesadas e os valores que estavam no interior das viaturas”, disse.

Segundo Catarina Serrazina, “não há ainda” uma tomada de posição por parte da seguradora com quem a organização contratualizou o seguro do festival, uma vez que “estão ainda a ser recolhidos dados” junto dos proprietários dos veículos.

A Associação Portuguesa de Seguros deverá fazer esta quinta-feira uma comunicação sobre o incêndio em Castelo de Vide, no distrito de Portalegre, depois de uma reunião realizada na quarta-feira à tarde para analisar a situação e de ter enviado representantes para o local, disse à Lusa fonte da entidade.

“Houve muitos carros que arderam que eram de artistas e voluntários e, num ambiente de solidariedade brutal com o festival, estão a continuar a exercer as suas funções e a fazer acontecer o festival”, sublinhou Catarina Serrazina.

Além de elementos da Policia Judiciária (PJ), que continuam a proceder a investigações no local, a GNR mobilizou esta manhã para o terreno uma equipa de investigação criminal “reforçada”, segundo disse à Lusa o oficial de relações públicas do Comando Territorial de Portalegre da GNR, tenente-coronel Carlos Belchior.

“Os trabalhos não só abrangem a continuidade da averiguação das causas do incêndio, como, principalmente, a fase de identificação de viaturas e proprietários que vai ser um trabalho exaustivo devido ao elevado número carros”, disse.