A Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, vai conceder um estatuto especial aos descendentes de escravos que queiram lá estudar. O anúncio foi feito, esta quinta-feira, pelo reitor John J. DeGioia e faz parte de um conjunto de medidas que vão ser adotadas pela instituição em jeito de redenção, de acordo com o jornal The New York Times. Para entender o significado deste anúncio é preciso recuar quase dois séculos.

Em 1838, os dois primeiros reitores da Universidade de Georgetown, ambos padres jesuítas, venderam 272 escravos de Maryland, tendo arrecadado o equivalente a 3,3 milhões de dólares nos dias de hoje (2,9 milhões de euros) e com parte desse dinheiro pagaram dívidas daquela que era a principal instituição católica de ensino superior à época, que enfrentava um momento financeiro difícil.

Este passado deixou uma mancha na instituição, que se vê (e sente) até hoje, e o reitor da Universidade de Georgetown, que definiu este assunto como prioritário, anunciou agora um conjunto de medidas baseadas nas recomendações de um grupo trabalho criado no ano passado para avaliar a questão da escravatura, da memória e da reconciliação.

Além do estatuto especial para os descendentes dos escravos, tal como aquele que é oferecido aos filhos e netos de ex-alunos da instituição, o reitor planeia ainda formalizar um pedido de desculpas e criar um instituto para o estudo da escravidão, bem como erguer um memorial aos escravos dos quais dependeu a universidade.

Além disso, está nos planos do reitor rebatizar dois edifícios do campus (o Freedom Hall e o Remembrance Hall), uma para o nome de um africano-americano escravizado e outro para um educador africano-americano que pertencia a uma ordem religiosa católica.

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