Recorda-se certamente da saga de filmes “Mad Max”, em que depois do apocalipse, os humanos – e alguns eram apenas uma aproximação – lutam pela sobrevivência, recorrendo a uns veículos estranhos e nada tranquilizadores. Pois bem, se é daqueles que acredita que o fim do mundo pode perfeitamente estar ali ao virar da esquina, então o melhor é mesmo começar a pensar no tipo de meio de transporte em que se vai deslocar. Resolvemos inspirarmo-nos no Burning Man, um festival que já foi hippie e que anualmente visita o deserto de Black Rock, no estado americano do Nevada.

O período entre o final de Agosto e o início de Setembro é tradicionalmente o escolhido para organizar um dos mais loucos festivais do planeta, uma manifestação contracultura orientada por 10 princípios em que a partilha, a auto-expressão e a cooperação são tão importantes quanto o não deixar lixo para trás. No local da festa, é claro.

Os festivaleiros iniciaram este tipo de encontros em 1986, na californiana praia de Baker Beach, próximo de São Francisco, fruto da inciativa de Larry Harvey e Jerry James, que eram danados para as festas. Mas rapidamente o crescendo de público obrigou-os a relocalizar o evento, pelo que rumaram em direcção ao deserto, onde espaço é coisa que não falta.

A orientação hippie manteve-se, apesar de muitos dos participantes originais acusarem os magnatas e as celebridades, que entretanto passaram a frequentar o evento, de o estragarem. É hoje vulgar encontrar no Burning Man personalidades como o fundador da Google, Larry Page, ou criador do Facebook, Mark Zuckerberg, e celebridades de Hollywood como Susan Sarandon. Este ano até houve vários portugueses presentes, a começar pela modelo Sara Sampaio.

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É claro que, com a chegada dos ricos e famosos, o regime hippie do pó, da tenda, do saco-cama e, sobretudo, da ausência de banho durante a semana do festival, desapareceu quase por completo. Os homens que fizeram a Google e o Facebook fizeram igualmente aparecer umas rulotes e umas mega-tendas com ar condicionado e água corrente. Ah, e internet! Quanto ao pó, lá continua.

Como seria de esperar, os novos clientes do festival do Nevada, criado para comemorar o solstício de Verão, mudaram radicalmente a imagem do evento: em vez das tradicionais rastas sujas e umas roupas imundas, sobretudo no final do evento, o estilo passou a ser um dos muitos motivos de interesse, às vezes parecendo que se trata mais um desfile do que de uma reunião que, há 30 anos, era acima de tudo hippie. Veja por si mesmo os looks que considerámos mais interessantes:

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Veículos mutantes, mas com pedigree

Alguns dos mais de 70 mil visitantes da edição deste ano, que terminou a 5 de Setembro, fizeram questão de levar consigo as máquinas do outro mundo, para utilizar assim que a humanidade conseguir acabar com este. Mas não se pense que qualquer um solda uns ferros, aparafusa outros e já tem o direito de desfilar no Burning Man. Nada disso. Há uma comissão que inspecciona cada uma das criações, que se chama pomposamente de Departamento de Veículos Mutantes – se não acredita, consulte aqui o regulamento – e, só se tudo estiver na perfeição é que tem o direito de assustar ou deliciar, consoante o caso, os outros festivaleiros. E há verdadeiras obras de arte, como facilmente pode constatar na galeria que preparámos para si.

Mas Burning Man é muito mais do que veículos loucos e roupas a condizer. Há artistas que preparam peças incríveis para surpreender os visitantes, e a criatividade, por vezes, parece não ter limites. Se a tudo isto juntarmos a qualidade do trabalho dos fotógrafos ao serviço da organização, o resultado é este: uma série de imagens marcantes e belas, à maneira do Burning Man.

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