Local de culto para uns, meca de umas quantas extravagâncias sobre rodas para outros, o SEMA (Special Equipment Market Association), como é conhecido, não deixa de ser um dos mais importantes certames dedicados aos automóveis dos EUA – o que, desde logo, nem que seja pela dimensão do mercado local, lhe confere uma importância de nível global. Realizado anualmente em Las Vegas, tem por missão mostrar “produtos especiais”, aqui se incluindo vários protótipos e modelos personalizados, oriundos de vários especialistas na matéria e até dos próprios construtores, com natural destaque para os locais.

A edição de 2016 começou ontem e termina a 4 de Novembro, e o Grupo FCA (Fiat Chrylser Automobiles) já deu a conhecer as suas criações para o evento. A começar pelo Dodge Shakedown Challenger, um verdadeiro muscle car à boa maneira americana, a que dificilmente os amantes do tema conseguirão ficar indiferentes.

O conceito é simples: unir uma carroçaria evocativa do emblemático modelo original, de 1971, à mais moderna tecnologia. Temos, assim, um automóvel com ar de “clássico moderno”, mas que sob a sua roupagem esconde um motor 6.4-V8 Hemi de 485 cv, combinado com uma caixa de seis de velocidades Tremec T6060 oriunda do superdesportivo Viper e com dois elementos conceptuais criados pela Mopar, a divisão de produtos especiais da FCA: a admissão e o sistema de escape.

Ao mesmo tempo, as suspensões dianteira e traseira foram rebaixadas, enquanto os travões provêm do Challenger Hellcat de 707 cv, a versão de produção em série mais extrema do modelo.

O chassi é exemplar único, sobre o qual foi montada uma carroçaria removível fabricada artesanalmente, pintada de preto mate e com o capot exibindo uma decoração que faz lembrar o Challenger de 1970. No interior, os bancos traseiros foram suprimidos, para permitir a montagem de uma gaiola de segurança, só para o caso do Challener Shakedown algum dia ser utilizado em circuito…

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No mesmo registo, a FCA deu ainda a conhecer o Jeep Cj66. O chassi provém de um Wrangler TJ (geração do modelo produzida entre 1997 e 2006), a carroçaria é a de um Wrangler CJ de 1966, alguns elementos provêm de um Wrangler JK actual (como os pára-choques) e o capot foi desenhado propositadamente para o efeito – tudo complementado por vários acessórios Mopar. Três gerações de um mesmo modelo, combinadas para proporcionar um resultado final irresistível para os apreciadores do género.

Veja-se os enormes pneus BG Goodrich montados em jantes de 17”, em que um sistema pneumático permite esvaziá-los e enchê-los em função do tipo de terreno a enfrentar, os (muito) alargados guarda-lamas, as protecções inferiores da carroçaria dianteiras e traseiras, ou o guincho para que o condutor se possa desenvencilhar de situações mais complicadas.

No interior, impossível não reparar nas duas bacquets provenientes do Dodge Viper, na consola central e alavanca de comando da caixa de velocidades iguais às do actual Wrangler, e no painel de instrumentos com mostradores Mopar. Também aqui, o arco de segurança garante protecção adicional.

Mecanicamente, pouco há a apontar a este protótipo: motor Hemi V8, caixa manual de seis velocidades, trens rolantes Dana 44 (os mesmos eixos utilizados no Wrangler Rubicon de 2003-2006). A suspensão elevada 5 centímetros é o elemento definitivo que não deixa dúvidas quanto ao espírito que presidiu à concepção deste CJ66, que, como o seu primo da Dodge, deverá ter o mesmo destino pós-SEMA: o museu da marca.