Não são só os pássaros que em bando migram para zonas mais quentes cada vez que o frio chega ao local onde têm ninho. Um estudo confirma agora que os insetos juntam-se aos pássaros e “fogem” do frio, em vez de morrerem com as baixas temperaturas, como antes se pensava.
Os insetos fazem parte da nossa vida, é uma realidade. No verão são uma presença assídua e até irritante, especialmente para a nossa pele. Mas no inverno são praticamente inexistentes. Muito deles hibernam enquanto que outros se pensava morrerem com as baixas temperaturas. Mas não é essa a realidade que novos estudos revelam. À semelhança dos pássaros tudo indica que também os insetos migrem nas épocas mais frias para zonas mais quentes do planeta.
Segundo conta ao jornal El Español, Jason Chapman, ecologista da Universidade de Exeter, no Reno Unido “muitas espécies migram, e algumas delas são extremamente abundantes e importantes”. Chapman já tinha estudado migrações sazonais de algumas espécies noturnas. Ainda assim, muito pouco se sabia sobre as migrações de insetos em grandes números, aliás, os novos dados apresentados revelam números surpreendentes.
Migrações às ‘toneladas’ para sul
Não são dezenas nem centenas, as migrações de insetos registaram-se às toneladas. Cerca 3.200 toneladas de insetos deslocam-se, concretamente, para o sul de Inglaterra, onde o ecologista juntamente com a sua equipa de investigadores estudam a migração de insetos há praticamente 10 anos. Os números são tão expressivos que, em comparação, os investigadores concluem que as migrações dos insetos são sete vezes mais do que o peso equivalente aos 30 milhões de pássaros que a cada outono saem do Reino Unido com destino a África.
Mas como é que os investigadores conseguiram rastrear as migrações dos insetos? Através de radares. O jornal espanhol conta que a equipa de investigação liderada por Chapman colocou em funcionamento redes de dispositivos com radares para poder detetar os insetos. Durante o estudo constatou-se, ainda, que o vento pode ser um grande aliado para os insetos na hora da viagem. Apesar de escolherem dias quentes e com pouco vento, o facto é que quando o vento sopra na direção favorável ao local de migração, os insetos maiores aproveitam o balaço do vento para fazer a viagem.
Vão os pais, regressam os filhos
Um outro dado relevante e curioso retirado do estudo é o facto da geração mudar no intervalo das migrações. Os insetos que viajam, já não são os mesmo que fazem a próxima migração. São sempre os filhos dos últimos ‘viajantes’.
A maneira como os insetos se guiam também foi esclarecido por Jason Chapman. Segundo o investigador, “os insetos têm um programa genético que dita a direção migratória preferencial”, que se inverte em determinadas alturas do ano, ou seja, norte-sul ou sul-norte. As ‘bússolas’ são também um ‘instrumento’ muito utilizado pelos insetos. Os que fazem fazem a viagem de dia utilizam o sol para se orientar. Já os noturnos, os investigadores não sabem, ainda, como conseguem orientar-se.