Carrie Fisher, atriz que ficou conhecida pelo papel de Princesa Leia na Guerra das Estrelas, morreu esta terça-feira aos 60 anos. A notícia está a ser avançada por vários órgãos de comunicação. A revista People cita um comunicado emitido pelo porta-voz da família da atriz, Simon Halls, em que é referido que Fisher terá morrido durante a manhã, às 8h55.

“Ela era adorada por todos e vai fazer muita falta. A nossa família agradece as vossas orações”, refere o mesmo comunicado.

Fisher estava internada desde quinta-feira na sequência de um ataque cardíaco. A atriz estava a voar de Londres para Los Angeles quando, cerca de 15 minutos antes de chegar à cidade da Califórnia, terá tido uma paragem cardíaca. Depois de assistida, foi transportada para um hospital local.

Todd Fisher, irmão da atriz, tinha adiantado à Associated Press que Carrie Fisher estava internada nos cuidados intensivos e que o seu estado de saúde estava estabilizado.

As reações à morte da atriz já começaram a inundar a Internet. Um dos primeiros a comentar a notícia foi o ator Mark Hamill, que protagonizou a trilogia original de George Lucas ao lado de Fisher. Hamill, que faz de Luke Skywalker (irmão gémeo da Princesa Leia), publicou no Twitter uma fotografia dois com a legenda: “Não tenho palavras”.

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Já Harrison Ford, que na saga interpreta Han Solo, emitiu o seguinte comunicado: “Carrie era única… brilhante, original. Divertida e emocionalmente destemida. Ela viveu a sua vida com coragem”.

Ao ator juntam-se outras personalidades, como Mia Farrow que no Twitter escreve que Carrie Fisher era “brilhante, divertida e talentosa”. Palavras semelhantes são as do ator e produtor Seth MacFarlane: Fisher deu voz à personagem de Angela, chefe de Peter Griffin, na série animada Family Guy.

Mais sentido é o comentário de Peter Mayhew — mais conhecido por interpretar a personagem peluda Chewbacca, da saga Guerra das Estrelas –, que descreve a falecida atriz como “a luz mais brilhante em cada sala que entrava”.

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Uma princesa de uma galáxia muito, muito distante

Carrie Frances Fisher nasceu a 21 de outubro de 1956 em Beverly Hills, na Califórnia, no seio de uma família ligada ao mundo do espetáculo. O seu pai, Eddie Fisher, era cantor e a sua mãe, Debbie Fisher, atriz. Os dois separaram-se quando Carrie tinha apenas dois anos, depois de o seu pai se envolver com uma das melhores amigas de Debbie — Elizabeth Taylor.

Aos 17 anos, Carrie abandonou Hollywood e inscreveu-se na Central School of Speech and Drama, em Londres, onde estudou representação durante um ano. Em 1975, apenas dois anos depois, estreou-se no grande ecrã com uma pequena participação na comédia norte-americana Shampoo, protagonizada por Warren Beatty, Julie Christie e Goldie Hawn e realizada por Hal Ashby.

Depois de Shampoo, foi selecionada para participar num novo e pioneiro filme de ficção científica, que viria a tornar-se num dos maiores fenómenos do cinema — Guerra das Estrelas. O seu criador, George Lucas, deu-lhe o papel de uma princesa irreverente, nascida numa galáxia muito, muito distante, que lutava pelo fim do Império Galático. O papel da Princesa Leia Organa, de Alderaan.

Guerra das Estrelas: Uma Nova Esperança estreou em março de 1977 com um grande sucesso (para o espanto de todos), catapultando Carrie para a fama. A este primeiro filme seguiram-se outros dois — O Império Contra-Ataca (1980) e O Regresso de Jedi (1983), todos eles protagonizados por Carrie Fisher e pelos atores Mark Hamill e Harrison Ford.

Fisher e Ford formaram, nos anos 70, um dos casais mais emblemáticos da história do cinema. Ela era uma princesa de uma galáxia longínqua, ele um contrabandista que andava sempre acompanhado por uma criatura que se assemelhava a um urso muito peludo. Durante anos, os fãs da saga sonharam com um romance que teria acontecido fora dos ecrãs, mas só recentemente é que lhes chegou a confirmação de que o sonho tinha sido real.

No livro de memórias The Princess Diarist, publicado em novembro deste ano, Carrie Fisher revelou que ela e Harrison Ford tiveram um pequeno romance por trás das câmaras. O caso durou cerca de três meses e, na altura, Ford era casado e tinha dois filhos. Ela tinha 19 anos, ele 33 anos, uma diferença de idades que deixou Carrie insegura.

“Eu era tão inexperiente mas confiei em alguma coisa nele. Era tão gentil. Olhei para o Harrison. O rosto de herói, alguns fios de cabelo a caírem sobre a testa nobre que franzia ligeiramente… Como pedir a um espécime de homem tão brilhante para ficar satisfeito com alguém como eu?”, escreveu a atriz.

Apesar da brevidade do caso, Carrie Fisher chegou a admitir que iria sempre sentir alguma coisa por Ford. “Adoro-o. Vou sempre sentir qualquer coisa por ele.” Mas seria o músico Paul Simon a levá-la ao altar em 1983. A relação, conturbada, durou pouco mais de um ano.

Na biografia do músico, Homeward Bound: The Life of Paul Simon, o autor, Peter Ames Carlin, refere o fim abrupto da relação se deveu às constantes depressões de Carrie e ao seu problema com as drogas, que começou quando a atriz tinha apenas 13 anos e que a levou a afastar-se cada vez mais do cinema. Nos anos 80, foram os poucos os filmes em que entrou, preferindo dedicar-se à escrita.

Publicou o seu primeiro livro, Postcards from the Edge, em 1987. O romance, semi-autobiográfico, fala dos seus problemas com as drogas e o álcool e foi posteriormente adaptado para o cinema. Mas, apesar de preferir a escrita para falar dos seus problemas, Carrie Fisher nunca mostrou grande desconforto em abordar, quase sempre com um humor invulgar, o seu passado conturbado. Depois de, aos 29 anos, lhe ter sido diagnosticado um transtorno bipolar aos 29 anos, tentou a todo o custo chamar a atenção para os que sofrem de doenças mentais.

Não faz muito tempo, a atriz foi galardoada pela Universidade de Harvard com o prémio de humanismo cultural pela sua carreira literária “corajosamente honesta”.

Mais recentemente, Carrie Fisher entrou ainda na sequela Guerra das Estrelas: O Despertar da Força, de 2015. A atriz já terá também gravado o Episódio VIII da saga, que se encontra atualmente na fase de pós produção. Com realização de Rian Johnson, o filme (ainda sem nome) tem estreia prevista para dezembro de 2017.

A carreira cinematográfica de Fisher prolongou-se por quase 40 anos, muito embora tenha ficado marcada por papéis secundários e aparições especiais — nada tão magnânimo como a personagem de Leia. São exemplo filmes como Um Amor Inevitável, protagonizado por Billy Cristal e Meg Ryan, ou S.O.S – Vizinhos ao Ataque, onde contracena ao lado de Tom Hanks. Ambos os filmes datam de 1989. De referir que na página de perfil de IMD dedicada a Fisher contam-se 90 créditos enquanto atriz.