O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse esta quinta-feira que “não se podem esperar milagres, nem soluções imediatas” nas negociações que decorrem esta semana em Genebra sobre a reunificação de Chipre.

“Não estamos aqui para qualquer solução rápida, mas antes para uma solução sólida e sustentável”, disse o responsável das Nações Unidas em conferência de imprensa, onde também compareceram o Presidente de Chipre, Nikos Anastasiades, e o líder cipriota turco, Mustafa Akinci.

Guterres disse que estão a ser analisados os instrumentos necessários para aplicar um eventual acordo de reunificação, que “deverá fornecer garantias simultâneas às preocupações de segurança das duas partes”.

O secretário-geral da ONU inaugurou esta quinta-feira em Genebra a conferência internacional de “países garantes” da segurança de Chipre desde a independência em 1960 (Grécia, Turquia e Reino Unido), na presença dos respetivos chefes da diplomacia, Nikos Kotzias, Mevlüt Çavusoglu e Boris Johnson.

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Os três países “garantes” são fundamentais para um acordo final sobre a reunificação da ilha mediterrânica, dividida desde 1974 entre a República de Chipre (internacionalmente reconhecida) e a autoproclamada República Turca de Chipre do Norte (RTCN, apenas reconhecida por Ancara).

O Reino Unido possui duas importantes bases militares em território da República de Chipre (a parte cipriota grega, 65% do território), com as posições de Londres e Ancara a permaneceram relevantes em termos de segurança, um dos temas centrais na negociação, que foram retomadas na segunda-feira em Genebra pelas duas delegações cipriotas.

A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, também decidiram comparecer esta quinta-feira em Genebra. A República de Chipre foi integrada da União Europeia em 2004, e um país reunificado seria membro de pleno direito da UE.

As partes envolvidas nas negociações, que se prolongam há 20 meses, concordaram que a conferência, sob os auspícios da ONU, prosseguirá caso existam perspetivas de acordo sobre os principais pontos de litígio.

Nesta perspetiva, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, já referiu que apenas participará nas negociações se existir a possibilidade de um acordo sustentável.

“Estamos comprometidos na busca de uma solução. A participação de Tsipras dependerá apenas da perspetiva de um acordo”, esclareceu esta quinta-feira Dimitris Tsanakoupulos, porta-voz do Executivo helénico, para acrescentar que a presença do primeiro-ministro grego não está condicionada pela comparência do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

O porta-voz do Governo grego também considerou que para ser garantido um acordo sustentável “é necessário pôr termo ao estatuto anacrónico das forças garantes [Grécia, Turquia e Reino Unido] e, em todo o caso, que o acordo não inclua o direito de outro Estado intervir de forma unilateral nos assuntos cipriotas”.