Donald Trump está a ser alvo de críticas por parte de membros do seu próprio partido por ter comparado os Estados Unidos ao regime russo de Vladimir Putin, numa entrevista concedida à Fox News este domingo, dia da final do Super Bowl. O líder da maioria no Senado, o republicano Mitch McConnell, reagiu de imediato em declarações à CNN para lembrar que Putin é “um antigo agente do KGB, um rufia, que foi eleito de uma forma que a maior parte das pessoas não considera credível” e que “não há qualquer tipo de equivalência entre o comportamento dos dois países.”

Até porque, lembra McConnell, “os russos anexaram a Crimeia, invadiram a Ucrânia” e também “interferiram” nas eleições norte-americanas. Logo, os EUA são um país “excecional” e “diferente” da Rússia, pois “não opera em nenhuma frente da mesma forma que os russos. Há uma clara distinção entre os EUA e a Rússia que todos os americanos conseguem perceber.”

Também o senador da Flórida, Marco Rubio — que enfrentou Trump nas primárias republicanas, mas chegou a ser apontado à Administração — criticou as declarações de Trump, através do Twitter, questionando: “Quando é que um ativista político do Partido Democrata foi assassinado pelo Partido Republicano ou vice-versa? Nós não somos iguais a Putin.”

Num novo tweet, publicado três horas depois, Rubio reforçava que as sanções contra Putin só deviam acabar quando ele “parar com as violações à soberania da Ucrânia”.

Também Liz Cheney, membro da Câmara dos Representantes e filha do ex-vice-presidente dos EUA Dick Cheney, utilizou o Twitter para criticar a comparação de Trump classificando-a de “profundamente preocupante e errada“.

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O presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, reagiu através da sua porta-voz AsLee Strong, que lembrou que “o presidente Ryan tem falado de forma consistente e frequente sobre a Rússia e Putin e as suas opiniões são conhecidas, incluindo a necessidade de aplicar sanções de forma contínua.” A porta-voz remeteu ainda para as declarações de Ryan há CNN em janeiro, quando o republicano definiu a Rússia como uma “ameaça global” e disse que Putin “não partilha dos interesses [dos EUA] e frustra os interesses [dos EUA]”.

Do lado dos republicanos, foi o vice-presidente Mike Pence que saiu em defesa de Trump, recusando que o presidente dos EUA tenha feito uma “equivalência moral” entre os Estados Unidos e a Rússia. O número dois da Administração norte-americana acredita que Trump está simplesmente a não deixar que a “semântica” ou os “argumentos do passado” se intrometam na forma como os EUA vão trabalhar com o regime de Putin nos próximos tempos.

O coro de críticas surgiu depois de Donald Trump ter sugerido que os EUA têm uma postura similar à de Putin na sua atuação ao nível de política externa. Esse excerto do diálogo com o jornalista Bill O’Reilly decorreu da seguinte forma:

Bill O’Reilly — O senhor respeita Putin?

Donald Trump — Sim, respeito-o.

Bill O’Reilly — Sim? Porquê?

Donald Trump — Bom, eu respeito muita gente, mas isso não quer dizer que me vá dar bem com ele. Ele é o líder do seu país, eu acho que é melhor darmo-nos bem com a Rússia do que não nos darmos bem. E se a Rússia nos ajudar na luta contra o Estado Islâmico, que é uma luta enorme, e contra o terrorismo islâmico em todo o mundo, uma luta tremenda, isso é bom. Se me vou dar bem com ele? Não faço ideia. É muito possível que não.

Bill O’Reilly — Ele é um assassino. Putin é um assassino.

Donald Trump — Há muitos assassinos por aí, temos muitos assassinos. Acha que o nosso país é assim tão inocente?