Em 2016, o Observador fez-me um convite irresistível: escolher e editar os textos para uma revista com o melhor que o jornal tinha produzido até então, para celebrar o seu segundo aniversário. Em 2017, o Observador fez-me um convite ainda mais irresistível: escolher e editar os textos para uma revista com o melhor que o jornal tinha produzido no último ano, para celebrar o seu terceiro aniversário.

O segundo convite é melhor do que o primeiro porque não foi preciso voltar a fazer tudo de raiz. Tratou-se, sobretudo, de apurar um formato que correu muito bem logo à primeira tentativa, e que demonstrou, graças ao seu sucesso, que o papel e o digital não necessitam de viver em mundos opostos — podem, e devem, complementar-se.

O novo best of especial de aniversário do Observador sai para as bancas esta sexta-feira, dia 19, precisamente no dia em que o Observador completa o seu terceiro ano de vida. São 140 páginas de reportagens, investigações, entrevistas, ensaios e artigos de opinião, que constituem um enorme luxo para quem gosta de bom jornalismo — a revista apresenta os melhores trabalhos escolhidos entre os muitos milhares de artigos escritos ao longo de doze meses por várias dezenas de jornalistas e colaboradores.

Há ainda uma investigação inédita em papel — sobre como os boys de PS, PSD e CDS-PP tomam conta dos centros distritais da Segurança Social e dos cargos mais apetecíveis do Instituto do Emprego e Formação Profissional — e um ensaio inédito de Rui Ramos sobre Fátima, “100 anos de uma história mal contada”, que lança uma luz muito diferente sobre o contexto das aparições.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A capa, que conta com seis ilustrações de Henrique Monteiro, é dedicada às ligações milionárias dos vários negócios que arruinaram o país. O Luís Rosa tem acompanhado inúmeros casos de justiça no Observador, e achámos que valeria a pena reunir as suas principais investigações num encarte especial intitulado “Pequeno Dicionário dos Grandes Negócios”. Quando se reúnem tantos textos dispersos num só trabalho, onde se fala (por ordem alfabética) de Bataglia, Bava, Dias Loureiro, Granadeiro, Salgado, Sócrates ou Veiga, aquilo que obtemos é um conjunto de métodos e negócios que se cruzam, traçando um retrato assustador do Portugal dos últimos 15 anos. Eles estão todos a rir-se na capa. Nós choramos lá dentro.

De resto, a revista é tão variada quanto o próprio Observador: há um perfil de Emmanuel Macron, uma história surpreendente sobre o pai (italiano) dos Comandos portugueses, um ensaio sobre o fracasso da reforma educativa sueca, um longo texto de Bruno Vieira Amaral sobre a fuga dos irmãos Cavaco, a recordação dos 25 anos do veto de Sousa Lara ao Evangelho Segundo Jesus Cristo, uma forte secção de Lifestyle que inclui sugestões sobre 10 novos restaurantes que tem mesmo de conhecer, entrevistas ao treinador Vítor Oliveira e a Quim Barreiros — há até uma BD sobre a nova Lisboa turística assinada por Lucy Pepper. Estes são só alguns exemplos, que estão longe de esgotar todo o conteúdo da revista. Até porque, claro, há ainda a opinião de Vasco Pulido Valente, José Manuel Fernandes, Rui Ramos, Alberto Gonçalves, Helena Matos, Helena Garrido ou Laurinda Alves.

De resto, houve apenas duas regras de ouro que se impuseram à revista. Em primeiro lugar, que todos os textos fossem atuais à data de publicação. Isso teve uma de duas consequências, em relação a textos mais marcados pelo tempo: ou foram devidamente reformulados, ou simplesmente ficaram de fora. A intenção é que a revista seja o mais intemporal possível, enquanto número anual para colecionadores e admiradores do Observador.

A segunda regra tem a ver com a qualidade do design, que ficou mais uma vez a cargo da Silvadesigners. O atelier de Jorge Silva dispensa apresentações, e eu acredito muito que a qualidade do desenho de uma publicação é cada vez mais um dos grandes trunfos para a sua aquisição. Em conjunto com os designers Luís Alexandre e Nuno Silva, trabalhámos tanto para ter um conteúdo de excelência como para ter um objeto esteticamente apetecível e marcante. Os textos são muito bons e a revista está muito bonita. O terceiro aniversário do Observador não merecia menos do que isso.