Um tipo de cancro da mama hereditário está a ser alvo de um novo tratamento que pode retardar o seu crescimento. A doença que tende a afetar mulheres mais novas, neste momento, não tem cura.

Durante a maior conferência oncológica do mundo foi apresentado um estudo segundo o qual tratar os doentes com o medicamento denominado de Olaparib pode retardar o crescimento do cancro até três meses, da mesma forma que é menos tóxico para quem possui gene BRCA mutante, relacionado com o cancro da mama.

O gene BRCA tem a sua quota parte de responsabilidade na reprodução normal das células, mas um defeito hereditário pode fazer com que estas não parem de crescer de forma descontrolada. O medicamento Olaparib faz parte da medicina de precisão, um campo em desenvolvimento que visa a adaptação do tratamento ao genes da pessoa.

Este é um exemplo perfeito de c0mo entender a genética e a biologia do tumor de um doente pode ser usado para detetar as fraquezas e personalizar o tratamento”, explica Andrew Tutt, diretor do Centro de Investigação do Cancro da Mama, do Instituto de Investigação do Cancro, ao The Guardian.

Doentes com esta mutação genética representam 3% de todos os doentes com cancro da mama. A média de idade das mulheres nos ensaios clínicos do Olaparib era de 44 anos.

“Estamos na fase embrionária”, disse o presidente da American Society of Clinical Oncology e investigador da Universidade do Michigan, Daniel Hayes. “Isto é claramente um avanço, uma prova que mostra que o conceito pode funcionar”. Quanto ao facto dos doentes viverem mais tempo em função da terapia, o investigador acautelou que ainda não há informação suficiente para se afirmar isso.

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Apesar do Olaparib já ser utilizado no controlo de genes mutantes no cancro do ovário, este foi o primeiro estudo feito para o cancro da mama, o que significa que o medicamento ainda não foi aprovado para este uso específico.

No estudo do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova Iorque, participaram 300 mulheres com genes BRCA mutante que foram tratadas com Olaparib e quimioterapia. Cerca de 60% das doentes que tomaram Olaparib viram os seus tumores a reduzir, comparado 29% que receberam quimioterapia – todas as doentes já teriam duas rondas de terapia.

Os investigadores reforçam que não é claro que o medicamente prolongue a vida de quem o toma, e seria necessária mais investigação para o averiguar.