O Banco Santander estará a preparar um aumento de capital no valor de cinco mil milhões de euros, uma decisão que se enquadra na intenção de fazer uma oferta de compra do rival Banco Popular, de acordo com a informação avançada pela Bloomberg. A agência, que cita fontes conhecedoras deste processo, refere que os recursos recolhidos através da colocação de novas ações permitiram ao Santander melhorar os níveis de capitais próprios que poderão sofrer uma erosão na hipótese de a instituição financeira espanhola vir absorver o Popular.

Não existe, ainda, uma decisão definitiva sobre um eventual avanço do Santander sobre o rival e uma emissão de ações apenas será lançada se a tentativa de aquisição vier a conformar-se. O Banco Popular, o sexto maior banco de Espanha, enfrenta problemas na carteira de crédito, sobretudo devido à exposição ao mercado imobiliário, e as imparidades geradas, calculadas em 37 mil milhões de euros, estão a deteriorar os capitais do banco. As cotações das ações sofreram, em pouco mais de uma semana, uma desvalirização de 53% e o banco tem agora uma capitalização bolsista de 1,33 mil milhões de euros.

Com o objetivo de captar meios destinados a reforçar a solvibilidade, o Popular tem procedido à venda de ativos. Nas últimas semanas, conseguiu realizar 209 milhões de euros através da venda de uma participação no Targobank, uma parceria que mantinha com o Credit Mutuel, bem como uma posição minoritária na empresa imobiliária Merlin Properties Socimi. Sabe-se, também, que o Banco Central Europeu está a acompanhar a situação e que os responsáveis do Popular garantem que a solvabilidade da instituição não está em causa, embora seja necessário garantir junto de Frankfurt a cedência de liquidez para assegurar as operações correntes.

As dificuldades em encontrar um comprador já levaram o Banco Popular a estender até ao final de junho o prazo para a apresentação de propostas de aquisição, quando o prazo inicial expirava a 10 de junho. Caso não surja qualquer solução pela via da entrada de um novo acionista no capital do banco, a solução poderá passar por um resgate.

As dificuldades aumentaram depois de agência de rating canadiana DBRS ter baixado a notação de crédito em dois níveis, para BB, o que colocou a dívida emitida pelo Popular num nível “especulativo” ou “lixo” na gíria dos mercados financeiros. Também a Moody’s cortou o rating do banco para B#, o que significa uma notação seis níveis abaixo daquela que é considerada “investment grade”, possibilitando as aplicações de investidores institucionais mais estáveis e não autorizados a apostar em títulos de maior risco.

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