Agora com sinal reforçado em Lisboa 98.7 FM No Porto 98.4 FM Sociedade / Incêndios Seguir Comando único para fogos: Capoulas abre porta que Constança fechou Ministro da Agricultura disponível para debater uma proposta de comando único para combater e prevenir incêndios, mesmo depois de ministra da Administração Interna o ter recusado. Rita Tavares Texto 05 Jul 2017, 15:07 i MANUEL DE ALMEIDA/LUSA MANUEL DE ALMEIDA/LUSA O ministro da Agricultura é bem menos taxativo do que a sua colega da Administração Interna quanto à possibilidade de se criar um comando único para prevenir e combater incêndios florestais. Esta quarta-feira, numa audição no grupo de trabalho para a reforma florestal, Capoulas dos Santos mostrou “disponibilidade” para estudar uma proposta “quantificada” que os partidos com assento parlamentar possam apresentar nos próximos dias.A questão foi levantada por parte de vários deputados presentes na reunião, concretamente os que ali estavam em representação do PS, PSD e PCP. A justificação para a pergunta era o interesse que a existência de um comando único tinha suscitado por parte de muitas das entidades ouvidas pelo Parlamento durante o processo de audições para a reforma florestal. Os partidos sondaram Capoulas e o ministro começou por responder que a questão “transcende o Ministério da Agricultura”, mas admitiu que “todos gostaríamos de ter um corpo, paralelo ao atual corpo de bombeiros, dedicado exclusivamente à floresta, mas estaremos em condições de satisfazer o custo que isso representa?” Apesar das dúvidas, o ministro da Agricultura mostrou-se disponível para debater propostas de alteração que vão nesse sentido — “se as propostas vierem quantificadas teremos disponibilidade para as debater”. Isto apesar de, na semana passada, a ministra da Administração Interna ter rejeitado a possibilidade de ser criado um comando único que o próprio Parlamento recomendou de forma unânime ao Governo anterior do PSD/CDS, em 2014. No final da audição, confrontado pelo Observador com as declarações de Constança Urbano de Sousa — que se mostrou inabalável na defesa do comando tripartido –, o ministro Capoulas dos Santos defendeu que, “neste momento da discussão, o Governo deve estar aberto a todas as propostas“. E quanto ao modelo que poderia ser mais viável, o ministro diz que é preciso “passar do slogan”, ou seja, explicar em detalhe uma proposta dessa natureza.“Se houver uma proposta suscetível de melhorar o que existe, apreciaremos.”, repetiu Capoulas, que se mostra confortável com a atual solução, sublinhando que o Governo não propôs alterações a este nível: “Até prova em contrário esta é a que funciona“, a atual reforma da floresta foi “amplamente debatida em 2007 e teve consenso”. Na audição, o ministro tinha já dito que “propor um cenário ideal é fácil para todos”, insistindo com os partidos interessados em apresentar iniciativas legislativas nesse sentido, que o façam com um cálculo de custos.Até aqui, a ação no combate e prevenção de incêndios está dispersa por três entidades que, por sua vez, têm duas tutelas diferentes. A prevenção estrutural é feita pelo Instituto de Conservação da Natureza, tutelado pela Agricultura, a operacional é da GNR, tutelada pela Administração Interna, e o combate aos incêndios está a cargo da Proteção Civil, que também responde perante o MAI. Os partidos têm até à próxima terça-feira, dia 11, para apresentar propostas de alteração à reforma florestal do Governo, para serem discutidas e votadas na comissão de Agricultura entre 12 e 14 de julho. Isto para que já a 19 deste mês possam ser aprovadas na sua versão final pelo Plenário da Assembleia da República. Na audição desta quarta-feira, Capoulas dos Santos prometeu cancelar “tudo” o que tenha a ver com a agenda do seu ministério para as “horas de negociação necessárias para um bom entendimento” quanto a esta reforma.