Roberto de Jesus Escobar Gaviria, irmão de Pablo Escobar, estava a conceder uma entrevista ao The Hollywood Reporter. A certa altura, desviou-se um bocado e começou a recordar uma história.

“Temos de eliminar todas as ameaças. Uma vez, quando estava na selva, tinha um saco de dois milhões de dólares em notas de 100. O exército estava à minha procura e do Pablo ao mesmo tempo. De repente, começaram a disparar. Eu e o Pablo, tal como os poucos seguranças que tínhamos, começámos a correr para um pequeno canal de água, fugimos a nadar. E conseguimos fazer isso tudo sem armas”, contou.

Até aqui, tudo bem. Mas por trás desta memória estava uma outra mensagem, quase em jeito de ameaça.

“Se tivermos inteligência, não é preciso usar armas; se não tivemos, temos de usar. E neste caso, a Netflix deveria contratar atiradores para proteger as suas pessoas”

A “guerra” entre o irmão de Escobar, de 71 anos, e a Netflix já é antiga, mas agora tem um outro contexto: na semana passada, Carlos Muñoz Portal, assistente de produção que estava a estudar possíveis locais para a quarta temporada da série ‘Narcos’, foi encontrado morto no México, numa zona rural conhecida pela violência.

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Assistente de produção da série Narcos encontrado morto no México

“Não quero que a Netflix ou qualquer outra companhia cinematográfica filme nenhum filme ou série em Medellín ou na Colômbia relacionada comigo ou com o meu irmão sem autorização da Escobar Inc. É muito perigoso, especialmente sem a minha bênção. Este é o meu país”, disse Roberto Escobar Gaviria, que exige um bilião de dólares (cerca de 800 milhões de euros) pelo uso da imagem e da história do irmão sem a permissão da família.

“A Netflix está assustada. Eles enviaram-nos uma longa carta a ameaçar-nos. Ainda agora, estamos em discussão com os advogados deles para obter o pagamento pedido. Se não recebermos, vamos fechar esse pequeno show”, prosseguiu, rematando: “Nós temos os direitos de todos os nomes e da marca Narcos. Nós também não vamos brincar com essas pessoas no Silicon Valley. Eles têm os seus telefones e os seus produtos bonitos, mas não sabem o que é a vida e nunca conseguiriam sobreviver na selva de Medellín ou na Colômbia. Como costumamos dizer às pessoas que cá vêm, as mães deviam-nos ter deixado nos seus úteros”.