Não é a primeira vez que o presidente norte-americano Donald Trump faz referência ao seu “muito elevado” QI. É um padrão que se repetiu na terça-feira, quando se mostrou disponível para fazer o teste de inteligência juntamente com o secretário de estado Rex Tillerson, que lhe terá chamado “idiota” há uns meses.

Trump diz-se disponível para fazer teste de QI com Tillerson se este sempre o achar um “idiota”

Já em 2013 o atual presidente escrevia no Twitter que o seu QI era “muito elevado” quando comparado com o do então presidente Barack Obama e o do ex-presidente George W. Bush. Também se considerou mais inteligente que o comediante Jon Stewart.

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O QI (Quoficiente de Inteligência) é calculado com base na pontuação atribuída após a realização de um teste de inteligência. Mas não há apenas um teste de inteligência aceite. A Mensa – instituição que avalia e verifica o QI de várias personalidades – aceita mais de 200 testes, além do seu próprio. Uns podem ter uma duração de uma hora e outros podem não ter limite nenhum.

Frank Lawlis, o supervisor dessa instituição, diz à BBC que esses testes avaliam geralmente questões quantitativas, lógicas e verbais, além de questões relacionados com formas e medidas, matemáticas e linguísticas. Para integrar a associação Mensa é preciso atingir a pontuação do top dos 2% – mais ou menos um QI de 130.

Um QI entre os 90 e os 110 é considerado o normal para o ser humano. Acima de 120 falamos de seres com um QI bastante elevado. 95% da população norte-americana obtém pontuações entre os 70 e os 130, de acordo com a organização Brainmetrix.

Segundo o IQ Research, baseado num estudo levado a cabo pelo britânico Richard Lynn entre 2002 e 2006, Portugal é dos países com melhor qualificação a nível mundial — 12.º lugar –, com a média da população nos 95 no quoficiente. Mas este número tem de ser entendido com muito cuidado. O investigador alerta que desigualdades salariais, académicas e a nível de oportunidades se refletem no QI de uma pessoa.

Mas a nível de presidentes norte-americanos, “não me lembro de alguma vez ver uma lista dos presidentes e dos seus QI”, explica a diretora do centro de estudos presidenciais da Universidade de Virgínia, Barbara Perry, à BBC.

A especialista aponta nomes como o de Herbert Hoover (“um cientista brilhante, um geologista”) ou de Woodrow Wilson e William Taft, o único presidente doutorado e um brilhante advogado, respetivamente. E apesar de nunca se ter avaliado o QI de um presidente norte-americano, a Universidade da Califórnia estimou em 2006 que John Quincy Adams era o mais inteligente de todos.

E o menos inteligente? “Eu colocaria Warren Harding nessa categoria”, explica Perry. “Ele era um jornalista de profissão. Não era de Harvard ou Yale, nem um advogado que acabou no Supremo Tribunal”.

Donald Trump nunca divulgou o seu resultado do QI — nem se sabe se alguma vez realizou um teste acreditado e fiável — mas a especialista diz que “é mais elevado do que as pessoas poderiam esperar, especialmente se ele está a desafiar o Tillerson a divulgar o seu”.

Trump não é forte em inteligência emocional, ou estilo cognitivo, em visão ou em capacidade de organização, mas é fantástico em comunicação pública e capacidades políticas”, adianta Perry.

Mas o QI não avalia a “genialidade”. Avalia quantitativamente a inteligência lógica de uma pessoa. “Podem pegar numa pessoa que todos consideramos um génio como Einstein, ele provavelmente teria um mau resultado num teste de QI, porque pensava fora da caixa“, diz Lawlis.

E enquanto a discussão continua, a instituição Mensa já se ofereceu para realizar os dois testes a Trump e Tillerson.