Mário Centeno recusa o rótulo de ministro anti-austeridade e prefere dizer que “é uma questão de compreender que a resposta que tivemos do lado da procura precisa, agora, de ser correspondida com algum tipo de resposta do lado da oferta — e a Europa está em ótima posição para o fazer”. Por outras palavras, as de Centeno, depois de vários anos de crise, é hora de mostrar aos cidadãos europeus que os esforços valeram a pena — “é hora de colher os frutos” da austeridade, diz o ministro das Finanças.

As declarações de Mário Centeno, à CNBC, foram feitas na qualidade de próximo presidente do Eurogrupo (a tomada de posse é a 13 de janeiro). “Vão ser dois anos, dois anos e meio, muito intensos”, afirmou o ministro das Finanças de Portugal, que vai suceder ao holandês Jeroen Dijsselbloem na liderança do grupo informal dos ministros das Finanças da zona euro.

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Uma ideia que poderá merecer a concordância de Centeno é a proposta do francês Emmanuel Macron de uma Europa a duas velocidades, em que se reconhece que os diferentes países podem ter de avançar com medidas e reformas distintas, sem esperarem uns pelos outros. Centeno diz que a ideia não é nova mas admite algum grau de abertura à ideia.

Precisamos de fazer progressos, e se esses progressos tiverem de ser personalizados, feitos à medida [conforme os países], com base na disponibilidade de alguns países para avançarem mais rapidamente em algumas áreas, julgo que isso não será um problema”.

Em particular, Centeno salientou que “temos de concluir a união bancária”. “Concluir a união bancária significa coisas ligeiramente diferentes para cada país, pelo que temos de nos concentrar no terreno comum que temos”, diz Centeno, relativamente aos planos que existem de criar supervisão e resolução comum (já implementados) e a terceira “perna” da União Bancária europeia, a mais complexa, a garantia de depósitos a nível europeu.

Centeno é um “rato que não ruge”, para o jornal alemão Handelsblatt

À CNBC, Mário Centeno disse, também, que o processo de saída do Reino Unido da União Europeia será um dos grandes riscos em 2018. “A partir de um choque negativo podemos e devemos construir soluções positivas, afirmou Mário Centeno.