A economia europeia está a recuperar, “em alguns aspetos de forma surpreendentemente robusta”, mas “ainda não podemos cantar vitória” no combate à crise e na aproximação da taxa de inflação dos objetivos do Banco Central Europeu (BCE). É assim que Mario Draghi justifica a continuação do programa de compras de dívida pública e a garantia de que “há muito poucas hipóteses” de haver um aumento das taxas de juro neste ano. Além disso, os estímulos têm de continuar porque a recente “volatilidade” cambial é “uma fonte de incerteza”.

Depois de o secretário do Tesouro dos EUA, Steve Mnuchin, ter dito que os EUA beneficiam de um dólar baixo — uma declaração que levou o euro a valorizar-se, com muito volatilidade –, Mario Draghi salientou que, pela sua parte, o BCE não irá embarcar em estratégias de desvalorização competitiva. O estímulo às exportações via desvalorização cambial é algo que os países do G20 prometeram que não iriam fazer, mas declarações como as de Mnuchin alimentam os receios de “guerras cambiais”.

Na conferência de imprensa após a reunião periódica de política monetária, Mario Draghi, pela sua parte, sublinha que o BCE não olha para a taxa de câmbio como um objetivo da política monetária, mas reconhece que a forma como os pares cambiais evoluem podem ter consequências para a forma como evolui a taxa de inflação na zona euro. A volatilidade nos pares cambiais, que o BCE considera indesejável, é algo que é necessário “monitorizar” de forma constante.

Apesar dos comentários de Draghi, que reiterou que o BCE vai continuar a comprar dívida e a reinvestir os reembolsos que recebe em nova dívida, o euro continuou a subir face ao dólar, um movimento que os analistas justificam com o otimismo expresso por Mario Draghi na evolução da economia europeia. A moeda única valorizava-se mais 0,85% esta tarde de quinta-feira, para mais de 1,25 dólares.

As últimas semanas também foram marcadas por alguma volatilidade fruto da divulgação, já depois da última conferência de imprensa do BCE, das atas relativas à última reunião. A partir da leitura dessas atas, ficou a impressão de que havia uma “impressão generalizada” entre os membros do Conselho do BCE de que as medidas de política monetária poderiam ter de ser recalibradas em breve.

Draghi diz que “vários membros pediram-me para clarificar isto”: “O único debate que houve foi sobre a necessidade de haver um debate”, garantiu o presidente do BCE. Mario Draghi garantiu que “esse debate ainda não teve início”.

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