O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, realçou esta quarta-feira a importância da ação de “moderação” do Governo face ao fenómeno de violência no desporto, nomeadamente, no futebol, e garantiu que têm sido dados passos para atenuar o problema.

Foi no âmbito da audição na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, na Assembleia da República, em Lisboa, que o governante reconheceu a preocupação com o clima de tensão que tem pontuado esta época do futebol profissional.

“É importante cultivarmos esse valor da moderação. Sabemos que no desporto, e no futebol, a emoção existe e tem de existir, mas não podemos deixar que se sobreponha à razão. O poder moderador do governo é algo em que temos apostado”, declarou, citando a importância “cimeira” do líder da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, no combate a estes fenómenos.

A análise à Lei n.º 39/2009, sobre violência no desporto, que entrou em vigor apenas em 2013 (Lei n.º 52/2013), esteve também em cima da mesa, com Tiago Brandão Rodrigues a admitir que o documento precisa de ser melhorado, sobretudo nos seus mecanismos de aplicação social.

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“O trabalho de revisão da lei tem de ser feito. Queremos trabalhar nela, falando com todos os agentes. Temos uma lei que nos serve, mas pode ser melhorada. Estamos a trabalhar numa solução o mais consensual possível”, frisou, acrescentando: “Existem dificuldades na aplicação prática, quer pelos meios alocados, mas também pela consciencialização da aplicação da lei”.

Na ótica do ministro da Educação, que contou ao seu lado com o Secretário de Estado do Desporto e Juventude, João Paulo Rebelo, o “fenómeno da violência no desporto é dinâmico” e o futebol surge como um “campo de cultivo de fenómenos como xenofobia ou racismo”. Contudo, assegurou que o governo irá dar uma “resposta” ao parlamento.

“Temos identificado o que cada um dos atores vê como prioritário. Atempadamente, esse documento será trabalhado para poder chegar aqui à Assembleia. É fundamental termos uma resposta coesa e eficaz para podermos catapultar o desporto para níveis que nos deixem orgulhosos como sociedade”, referiu.

O peso dos programas televisivos de comentário desportivo não foi esquecido na possível difusão de um clima de crispação. Tiago Brandão Rodrigues vincou que a “comunicação social é fundamental” e que já existiram contactos entre o governo e a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) sobre esta matéria.

“A cobertura mediática deve ser um meio promotor de valores do desporto; tudo o que não seja esta realidade extravasa o desporto. E isso pode ter um efeito complexo”, explicou, deixando outra garantia: “Atuaremos sempre no âmbito das nossas competências e com confiança nas outras entidades. Já dobrámos os recursos jurídicos do IPDJ para termos a capacidade de sermos mais céleres e eficazes”.