O homem forte da PSA, Carlos Tavares, teceu duras críticas à forma como os legisladores do Parlamento Europeu estão a impor regras para reduzir emissões e ao cerco político de que os motores a combustão se tornaram alvo, após o Dieselgate. Para o português, que conseguiu voltar a colocar a PSA no caminho dos lucros depois de uma quase falência em 2012, a electrificação pode acabar com alguns construtores automóveis.

O custo dessa transição é enorme e quem não cumprir as metas de emissões até 2030 vai ter de pagar multas exorbitantes, o que poderá matar a empresa”, declarou o executivo português aos jornalistas, por ocasião da sua visita à fábrica da PSA em Porto Real, Brasil.

A mudança para os carros eléctricos é, segundo ele, uma imposição “política”, em nome do ambiente, mas sem que haja a real noção das suas próprias implicações para o ambiente. “Não se fala sobre as emissões das fábricas de baterias e o processo de reciclagem dessas baterias”, criticou o chefe da PSA, realçando que não há um debate acerca da forma como será gerada a electricidade – se provier do carvão, por exemplo, origina poluentes…

Todos os construtores apostam nos eléctricos. Menos a PSA de Carlos Tavares

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As dúvidas de Tavares quanto à electrificação vão ainda mais longe, com o executivo não só a questionar a capacidade de se gerar energia para carregar toda a nova frota de veículos, como também a infra-estrutura para carregamento e os custos dessa energia. Dúvidas que, no entanto, não impedem o próprio Carlos Tavares de dar a mão à palmatória:

 Ou nos adaptamos, ou morremos.”

Para não morrer, até porque – convém recordar – a China já declarou que pretende liderar o processo global de electrificação, a PSA prepara-se para lançar modelos 100% eléctricos em 2019 e versões eléctricas ou híbridas de toda sua gama de produtos até 2025, ano a partir do qual pretende ter 40 modelos electrificados. Numa estratégia em que é a aquisição mais recente do grupo, a Opel, a principal escolha no processo de substituição de motores a combustão por eléctricos no seio do grupo, tendo a nova geração do Corsa já confirmado essa opção.