O milionário grego Evangelos Marinakis, apesar da “pinta” e porte de bonacheirão, é irascível. Todos o sabem. E mesmo quando vence, é. O histórico Olympiakos, que Marinakis preside (é também proprietário de outro clube com história, o inglês Nottingham Forest, vencedor da Taça dos Campeões Europeus em 1978/79 e 1979/80) há décadas, vence quase sempre na Grécia: nos últimos vinte anos foi dezoito vezes campeão, tendo mesmo vencido os últimos sete títulos nacionais de enfiada. O problema é que, mesmo quando vence, se as exibições não convencem Marinakis, por exemplo, o presidente do Olympiakos dispensa os treinadores sem explicações.
Os treinadores portugueses são preferência de Marinakis na hora de contratar… mas também de dispensar. Leonardo Jardim esteve sete meses no banco e saiu. Paulo Bento não resistiu a três derrotas seguidas. Marco Silva, apesar do título de campeão que deixou no clube do Pireu, também sairia. Vítor Pereira nem acabou o defeso de Verão e seguiu viagem para outras paragens.
Evangelos Marinakis voltava-se sobretudo contra os treinadores quando se aborrecia. Agora, voltou-se contra os jogadores e enviou-os de férias. Sim: férias. Porquê? É que a somente quatro jornadas do final do campeonato (o Olympiakos foi eliminado da Taça da Grécia ainda nos quartos-de-final) o campeão em título é segundo na tabela, a seis pontos do líder AEK.
Depois do empate na última jornada, a 31 de março, contra o 10.º classificado Levadiakos, Marinakis entrou no balneário, perdeu as estribeiras, e disparou: “Vou reconstruir o Olympiakos de uma ponta à outra. Será a equipa com que sempre sonhámos, eu e os adeptos. Já vos tolerámos que chegue, vão-se embora hoje.” A conversa, privada, chegou à imprensa. E a imprensa grega acrescenta que os atletas foram igualmente multados em 400.000 euros. Cada um. Evangelos Marinakis terá prosseguido com o tom acusatório: “Pago milhões e milhões para que vocês tenham tudo. Por vossa causa já contratei três treinadores. Mas, no fim, acho que vocês é que têm a culpa. Acho que pensam mais mais nas casas lindas, nos carros, do que no clube.”
Óscar García era o treinador até final de março, tendo sucedido ao albanês Besnik Hasi e ao grego Takis Lemonis. Era. Também já se despediu. Agora, e segundo relados vindos da Grécia, segue-se até ao final da época o português Pedro Martins. E o plantel? Nos quatro jogos que faltam até final da época, Martins terá de se contentar com os atletas da formação. Outros, mais “batidos” como o também português André Martins, só regressam (se é que regressam) no início da próxima temporada.
Em Alvalade, Bruno de Carvalho, “copiando” a posição de Evangelos Marinakis, também criticou duramente o balneário (mas, e ao contrário de Marinakis, sem aparecer por lá e fazendo-o via Facebook) após a derrota com o Atlético de Madrid. Mais tarde, e vendo os atletas voltar-se contra si, resolveu castigar toda a primeira equipa, afastando-a do encontro com o Paços de Ferreira, domingo. A pergunta é: estarão Patrício, William ou Coentrão de férias? Ou ainda voltam?
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