A Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) anunciou este sábado que os seus investigadores recolheram amostras na cidade síria de Douma, que alegadamente foi palco a 7 de abril de um ataque químico que causou mais de 40 mortos.

“A missão de investigação da OPAQ deslocou-se hoje [sábado] a um dos locais em Douma para recolher amostras”, indica num comunicado a OPAQ, adiantando que uma “outra visita poderá ser realizada” à cidade, na região de Ghouta oriental, nos arredores da capital síria, Damasco.

A equipa da OPAQ chegou à Síria a 14 de abril e o atraso no início das inspeções em Douma foi explicado com razões de segurança. “Vamos avaliar a situação e decidir em relação a iniciativas futuras, entre as quais a possibilidade de uma outra visita a Douma”, refere a organização, com sede em Haia.

“As amostras recolhidas serão enviadas para o laboratório da OPAQ em Rijswijk [nos subúrbios de Haia], antes de serem distribuídas por vários laboratórios em todo o mundo certificados pela organização”, refere ainda a organização.

Poucas horas antes, tinha sido o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo a dar a notícia de que finalmente uma equipa de especialistas internacionais da OPAQ estava a chegar à cidade síria de Douma para avaliar se houve ou não um ataque químico a 7 de abril. A Rússia garantia também que a segurança dos inspetores estava garantida não apenas pelo lado sírio, como também pelo comando do contingente russo na Síria. “Esperamos que os inspetores da OPAQ realizem a mais imparcial investigação sobre o que aconteceu em Duma e façam um relatório objetivo”, é ainda referido.

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Os acontecimentos de 7 de abril em Douma têm sido alvo de debate, com os países ocidentais a afirmarem que se tratou de um ataque químico que causou mais de 40 mortes e países como a Síria e a Rússia a negar a existência desse ataque. Na sequência dos acontecimentos de 7 de abril, o Reino Unido, a França e os Estados Unidos da América bombardearam locais estratégicos controlados pelo regime sírio.

O que aconteceu e o que pode acontecer na Síria, depois do ataque contra Assad

Há uma semana que a equipa internacional da OPAQ aguardava permissão para viajar para Doumba. Numa missão de reconhecimento que tinha como objetivo preparar a deslocação destes peritos a Douma, uma equipa de segurança da ONU foi alvo de disparos. Não foram registados feridos. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, o português António Guterres, afirmou a propósito das tensões internacionais que se registam entre potências ocidentais e a Rússia e Síria que “a Guerra Fria voltou”.

A Rússia, aliada de Assad, foi ainda acusada pelos ocidentais de impedir o acesso dos inspetores da OPAQ a Douma, acusações que Moscovo rejeitou e considerou “sem fundamento”.

[Atualizado às 18:19 de 21/04/2018 com desenvolvimentos sobre o trabalho dos especialistas internacionais no terreno]