Miguel Sousa Tavares considerou esta segunda-feira que as declarações de várias individualidades do Partido Socialista (PS) sobre José Sócrates são um “linchamento público” do ex-primeiro ministro. Durante o seu espaço de opinião no Jornal da Noite da SIC, o comentador sublinhou que não gosta “de ver uma pessoa que já está caída a ser atacada por todos os lados” e depois ser “abandonada e atacada pelo que resta. Mas não deixa de, depois de muito o defender, também lhe pedir contas.

Para Miguel Sousa Tavares, agora que entregou o cartão de militante do partido, José Sócrates “devia começar por explicar porque decidiu viver à conta do amigo”, mas reconhece que o simples facto de o ter feito “não é crime”, tal como já defendeu o antigo deputado socialista Arons de Carvalho.

Com este comportamento por parte do PS — de Ana Gomes, de Carlos César, de António Arnaut e sobretudo João Galamba — aquilo que aconteceu foi um linchamento popular de José Sócrates”

https://observador.pt/2018/05/03/joao-galamba-e-o-caso-socrates-obviamente-envergonha-qualquer-socialista/

Miguel Sousa Tavares defendeu ainda que, para o PS, o caso que envolve o ex-secretário-geral do partido “era muito difícil de gerir a partir do momento em que José Sócrates foi preso, com as suspeitas gravíssimas que pesavam sobre ele”. “António Costa começou por dizer aquilo que era básico: ‘à justiça o que é da justiça à política o que é da política’, mas devia ter começado por afirmar que o partido e o país exigiam que a justiça fosse rápida e pedir que o julgamento se fizesse no tribunal e não na rua, perante a opinião pública. Acabamos por assistir a um julgamento popular de José Sócrates, independentemente da culpabilidade ou não”.

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O comentador pensa que o momento escolhido pelo PS para falar sobre José Sócrates se deve ao facto de “vir aí o congresso” e daqui a um ano haver eleições: “O PS quer limpar roupa suja antes de ir a eleições. É um momento de oportunismo eleitoral que corresponde a um de linchamento popular”.

Júdice. Sócrates “nunca foi apenas uma extremidade no PS

Um “abalo sísmico muito forte e, como sempre acontece, propício a sequelas ou réplicas”. É assim que José Miguel Júdice, na sua opinião publicada no jornal Eco intitulada “A gangrena política”, qualifica o “abandono de Sócrates pelo PS”, que na sua perspetiva “causou o abandono do PS por Sócrates”. O advogado e antigo Bastonário da Ordem dos Advogados defendeu que o PS devia ter reagido “pelo menos logo após a divulgação da acusação do Ministério Público ou deveria ter esperado ao menos pela pronúncia do Juiz de Instrução”.

Júdice acredita que a saída de Sócrates do partido tem “tudo para falhar”. E apresenta uma justificação: “Pois é inegável que ele nunca foi apenas uma extremidade no PS. O advogado acredita que “se falhar, apenas vai acentuar o processo de gangrena no corpo socialista”.

Sócrates entrega o cartão de militante e abandona o PS