Os Estados Unidos abandonaram o Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). A decisão foi anunciada pelo secretário de Estado Mike Pompeo e pela embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, depois de esta terça-feira à tarde a agência Reuters ter admitido essa possibilidade.

Os EUA justificam a saída com uma alegada política anti-Israel que estará a fazer-se sentir no seio do Conselho dos Direitos Humanos da ONU. Numa conferência de imprensa conjunta, o secretário de Estado Mike Pompeo e a embaixadora dos EUA junto da ONU, Nikki Haley referem-se a um “preconceito anti-Israel crónico”. Haley acusa os países membros do conselho de “hipocrisia” por forçarem um braço-de-ferro com Israel e ignorarem violações de Direitos Humanos noutros pontos do globo, acusando-os ainda de usarem aquele organismo em “proveito próprio”.

“O conselho”, defendeu a embaixadora na ONU, “é motivado pelo preconceito político e não pelos direitos humanos”. Os EUA, acrescentou Haley, vão “continuar a trabalhar nos direitos humanos fora do enganador Conselho de Direitos Humanos”.

Terminamos aqui a nossa adesão ao Conselho de Direitos Humanos, uma organização que não merece o nome que tem”, defendeu a representante norte-americana nas Nações Unidas.

Haley ainda haveria de dizer que aquele organismo “precisa de grandes e dramáticas mudanças”. Mas, durante a sua curta declaração, a embaixadora dos EUA na ONU não fez qualquer referência à situação em que cerca de duas mil crianças mexicanas se encontram neste preciso momento, na fronteira entre os dois países, retidas em centros de detenção depois de terem sido afastadas dos pais, que foram detidos pelas autordades norte-americanas por tentarem entrar nos Estados Unidos de forma ilegal.

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A declaração completa dos dois responsáveis norte-americanos pode ser vista aqui (a partir do minuto 14):

A notícia de que os EUA poderiam abandonar aquele organismo das Nações Unidas começou a ser avançada por vários jornais americanos, que citavam várias fontes oficiais. Segundo a CNN, a decisão da saída deve-se ao desejo dos EUA de verem uma reforma no órgão da ONU e da existência de uma alegada tendência anti-israelita do organismo.

A saída dá-se num momento em que a política de “tolerância zero” dos EUA para a imigração — ao abrigo da qual estão a ser separadas famílias na fronteira dos EUA ficando as crianças isoladas em celas de centro de detenção para migrantes –, tem sido alvo de debate e várias críticas.

EUA: Centenas de crianças estão em celas, separadas dos pais imigrantes

As polémicas dos Estados Unidos com a ONU não são novidade. Em 2009, quando estavam sob a presidência de George W.Bush, o país boicotou durante três anos o Conselho de Direitos Humanos da ONU, antes de voltarem ao ativo quando Barack Obama se tornou presidente.