Depois de a Organização Nacional de Transplantes (ONT) de Espanha ter concluído que a doação de um fígado para o ex-jogador do Barcelona Eric Abidal, devido a um cancro, foi realizada “de acordo com a lei”, o Ministério Público espanhol enviou uma carta na semana passada ao Tribunal de Instrução de Barcelona, na qual pediu a reabertura da investigação, avançou o El Mundo.

Segundo o MP, é necessário “esclarecer as diferenças encontradas até à data na documentação diferente no caso, bem como determinar a identidade exata do doador” que, segundo a versão divulgada publicamente, se trata do primo francês do antigo defesa.

Foi durante uma investigação sobre o envolvimento do ex-presidente do Barcelona Sandro Rosell em processos de branqueamento de capitais, que a juíza encarregue do caso decidiu abrir um processo separado depois de, em 2017, terem sido intercetadas quatro chamadas pela Guarda Civil e pela Polícia Nacional, onde o ex-presidente do Barcelona admite ter “comprado” ilegalmente um fígado para o atual secretário do clube em 2012.

As escutas ao ex-presidente do Barcelona sobre a compra ilegal de um fígado para Eric Abidal

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Em Abril deste ano, o processo relacionado com as escutas foi arquivado depois de a Audiência Nacional ter contactado as autoridades francesas para saber as circunstâncias do processo. As autoridades asseguraram que o tipo de delito não correspondia ao mesmo que em Espanha, tendo em conta que em França a doação em troca de dinheiro não é considerada crime.

O MP considera agora que tem dúvidas se o doador do fígado fez o transplante de forma altruísta, conforme estipulado pela legislação espanhola, ou se foi pago para o fazer. Nas escutas divulgadas, Rosell terá falado com alguém (não identificado) sobre a compra de um fígado. “Um tipo a quem salvámos a vida”, terá dito o ex-dirigente nas conversas.

Segundo o El Confidencial, todos os documentos oficiais necessários estão incluídos no processo, exceto um documento fundamental: a cópia do passaporte do doador não foi incluída, o que poderá significar que foi “outra pessoa a doar o fígado”.

Este pedido do MP vem contradizer a conclusão da ONT na semana passada, que após analisar “cada passo do processo” do ponto de visto clínico e de saúde, concluiu que o transplante de fígado foi “realizado de acordo com a lei”, anunciando que, se o caso for reaberto, vai surgir como uma acusação privada.

A Organização diz que “ao contrário de algumas informações publicadas”, Abidal “estava na lista de espera para transplante de um dador falecido”, mas “devido à progressão da doença, a equipa médica considerou a opção de um transplante de fígado de um doador vivo, sem excluir a possibilidade de um doador falecido se surgisse a oportunidade”.

A ONT acrescentou ainda que o grau de parentesco do doador foi “comprovado documentalmente” como sendo primo de Abidal, tendo o Comité de Ética avaliado o caso e emitido uma “resolução positiva”.

Depois de a polémica se ter tornado pública, Abidal reagiu nas redes sociais: publicou uma fotografia onde surge num quarto de hospital com a pessoa que o antigo futebolista diz que lhe doou o fígado, o seu primo Gérard.

“Já chega!” Abidal publica fotografia com o primo no hospital e pede “respeito”