A Ryanair colocou esta quarta-feira um milhão de voos à venda com 20% de desconto, anunciou a companhia aérea irlandesa através do Twitter e do site. A oferta de voos, entre 1 de agosto e 30 de setembro, terminou à meia-noite do próprio dia. Só que estes voos foram postos à venda no primeiro de dois dias consecutivos daquela que é a primeira greve a nível europeu da transportadora — e que marca mais uma escalada na polémica em torno da Ryanair.

Os clientes não ficaram impressionados com a oferta da transportadora aérea. Um deles, em resposta à publicação da Ryanair Espanha no Twitter, onde são anunciados os descontos, disse: “De que serve 20% de desconto se depois cancelam voos?” A Ryanair tem vindo a cancelar voos desde setembro do ano passado, que foram justificados com um “erro de escalas” — mas que vários funcionários defenderam, em declarações ao Observador, ter sido motivados por “falta de pilotos”.

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Vocês deviam ter vergonha de tratar mal não só os clientes, mas também os trabalhadores“, escreve outro utilizador, no Twitter. As alegações de assédio moral estão entre as razões que levaram vários sindicatos europeus a agendarem uma nova greve, exigindo que a companhia aplique as leis nacionais laborais e não as do seu país de origem, a Irlanda.

“Luta contra bullying” ou uma “greve desnecessária”. O que se passa na Ryanair?

Esta quinta-feira é o segundo de dois dias daquela que é a primeira greve a nível europeu da Ryanair: junta trabalhadores da companhia aérea com base em Portugal, Espanha e Bélgica. No primeiro dia, aderem também os pilotos com base em Itália. Para estes dois dias de paralisação, a Ryanair prevê que sejam cancelados até 600 voos em toda a Europa — 12% do número total de voos operados  — e que 50 mil passageiros sejam afetados. Em Portugal, já foram cancelados 17 voos para esta quinta-feira nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro.

Apesar de ser a primeira a nível europeu, é a quinta greve a acontecer na companhia aérea irlandesa e a quarta num só mês. A primeira paralisação de sempre na história da empresa foi a dos tripulantes de cabine com base em Portugal, realizada em três dias não consecutivos: 29 de março, 1 e 4 de abril deste ano. Em dezembro, tinham sido agendadas paralisações em vários países, mas não chegaram a acontecer. A segunda greve foi a dos pilotos irlandeses, no dia 12 de julho, que voltaram a fazer uma paralisação no dia 20 e outra no dia 24. Esta quarta-feira foi ainda agendada uma nova greve dos pilotos irlandeses, para 3 de agosto.

Pelo menos 17 voos estão já cancelados devido à greve na Ryanair