Pedro Sánchez está a enfrentar a primeira grande crise política desde que assumiu as rédeas do governo espanhol, há dois meses, depois de apenas ter conseguido o apoio de 88 deputados (de um total de 350) para os seus planos orçamentais. Os analistas e os mercados financeiros já estão a admitir um cenário de eleições antecipadas, já que o socialista não está a reunir o apoio dos mesmos sete partidos que derrubaram Mariano Rajoy e o colocaram no poder.

O resultado da votação, que decorreu na sexta-feira, deixou grandes dúvidas sobre se Pedro Sánchez terá capacidade para levar este governo até às próximas eleições, em meados de 2020. Dos 350 deputados, só 88 deram “luz verde” aos seus planos orçamentais, com 173 a votarem contra e 86 a absterem-se. A votação foi o primeiro sinal concreto das dificuldades que Sánchez, cujo partido tem apenas 84 lugares no parlamento espanhol, irá enfrentar nos próximos meses com um governo minoritário.

“Com apenas 84 deputados, Sánchez sabia que nunca teria vida fácil e, como era expectável, não conseguiu convencer os sete partidos a apoiar os seus planos orçamentais”, comenta um economista do banco holandês ING, em nota distribuída esta manhã de segunda-feira pelos clientes do banco.

O líder do PSOE espanhol esbarrou no desejo de partidos como o Podemos, que queria metas de défice menos limitativas e despesa pública mais elevada. “Aqueles grupos que votarem contra os planos para o défice estarão a votar contra a reparação do Estado Social, a melhoria do serviço nacional de saúde e os progressos na área da educação”, tinha dito o chefe do governo espanhol.

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Sánchez terá tido, antes da votação, reuniões com vários membros dos sete partidos que o colocaram no poder, mas não foi possível chegar a posições comuns. E os pontos de discórdia iam além de questões financeiras ou económicas: alguns partidos querem que os socialistas aceitem abrir uma investigação às notícias na imprensa que envolvem capitais do antigo rei Juan Carlos em sociedades offshore.

Sánchez quer ficar no governo até às próximas eleições, planeadas para meados de 2020, ainda que possivelmente poderia beneficiar da maior popularidade de que ele e o seu partido gozam neste momento. Mas se a oposição e aliados [do PSOE] continuarem a rejeitar as propostas apresentadas pelo governo, então a situação pode tornar-se insustentável”, diz o ING.

Por esta razão, o ING diz que “a probabilidade de haver eleições antecipadas é mais elevada hoje do que era há alguns dias”.