A situação não é inédita, mas está a surpreender e sensibilizar o mundo científico. Uma orca foi vista a nadar carregando a sua cria morta ao largo de Vancouver, no Canadá. Os investigadores não estranharam quando avistaram os dois animais, dado que é uma prática comum ver esta espécie a acompanhar crias mortas, no limite, durante uma semana — mas, neste caso, a orca e a cria voltaram a ser avistadas ao fim de 16 dias, o que os investigadores já consideram “um recorde”.

“Talvez seja apenas a forma de superar a perda de mais uma cria. É provável que ela já tenha perdido mais duas na última década“, explica o cientista Ken Balcomb, do Centro de Pesquisa de Baleias, citado pela BBC. “Deve ser trágico para estes animais perderem os seus filhos e a verdade é que isto está a acontecer cada vez mais”, alerta.

We are saddened to report that a baby Southern Resident killer whale (SRKW) died a short time after it was born near…

Posted by Center for Whale Research on Thursday, July 26, 2018

A orca e a cria foram avistadas pela primeira vez no dia 24 de julho na costa da ilha de Vancouver, no Pacífico.

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(foto de Ken Balcomb, do Centro de Pesquisa de Baleias)

A causa da morte da cria ainda é desconhecida, mas as equipas de investigação estão a estudar o caso até pelo facto de a população de orcas naquela faixa costeira do Canadá, e também dos Estados Unidos, está a desaparecer a um ritmo dramático. Uma das possibilidades é a redução do salmão chinook, um dos alimentos essenciais para a sobrevivência das orcas.

Esta mãe orca (que ganhou o nome de J35 no projeto para ser acompanhada) faz parte de uma população de 75 animais que se encontra em risco. Há três anos que não há registo de uma gravidez bem sucedida entre as orcas desta região e apenas um terço das orcas nascidas nos últimos 20 anos sobreviveram. Neste caso, a morte da cria parece estar a criar um fenómeno invulgar que está a intrigar os investigadores. “Temos visto orcas mães a carregarem as suas pequenas crias por alguns dias ou parte de dias, mas isto é um recorde”, comenta Balcomb.