“Clear to proceed. You have permission to launch.”

Hold, hold, hold.”

Estava tudo preparado e o relógio estava em contagem decrescente, mas foi interrompido novamente. A janela de oportunidade para lançar a sonda este sábado chegou ao fim antes de o foguetão descolar e o lançamento foi adiado para este domingo, ou para segunda-feira, tudo depende de conseguirem consertar a avaria identificada.

O lançamento da Sonda Solar Parker, a partir do Cabo Canaveral (Flórida, Estados Unidos), estava previsto para as 3h33 (8h53, hora de Lisboa) com uma janela de oportunidade de 65 minutos. O relógio teve de ser interrompido quando faltavam apenas quatro minutos para o lançamento para resolver os problemas que foram identificados na reta final do lançamento. Foi reiniciado por volta das 9h24, mas parou dois minutos depois e voltou atrás (aos quatro minutos). O lançamento foi adiado por cerca de 24 horas.

Uma janela de tempo tão pequena deve-se ao facto de o primeiro destino da sonda ser Vénus — e não se quer passar ao lado do destino. Além disso, é preciso reduzir a exposição da sonda ao Cinturão de Van Allen que lhe poderia causar danos. Este cinturão é uma região de partículas carregadas, transportadas pelos ventos solares, que são capturadas pelo campo magnético da Terra.

Enviar uma sonda em direção ao Sol tem vários desafios, sendo o primeiro contrariar o movimento da Terra. O nosso planeta descreve uma órbita em torno do Sol e qualquer objeto lançado para fora da atmosfera terá tendência para seguir essa trajetória. E se assim fosse, a Sonda Solar Parker nunca chegaria ao destino. Mas para contrariar esta força é preciso muita energia. Na verdade, é preciso 55 vezes mais energia para lançar uma sonda para o Sol do que para Marte. A escolha do potente foguetão Delta IV Heavy justifica-se pela necessidade de impulsão da sonda e pela capacidade para acomodar um terceiro sistema de propulsão que a sonda vai usar assim que esteja fora da atmosfera terrestre.

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O primeiro destino da sonda será Vénus. Não que a sonda precise de ganhar impulsão, como acontece com a assitência que outras sondas procuram junto dos planetas. Neste caso, Vénus vai ajudar a sonda a abrandar a velocidade para conseguir viajar em direção ao Sol. Durante o período de sete anos previsto para a missão, a Sonda Solar Parker vai passar sete vezes junto a Vénus e isso vai permitir que faça uma órbita cada vez mais próxima do Sol.

No período de sete anos da missão, a Sonda Solar Parker vai mergulhar 24 vezes na atmosfera solar. São 11 dias de recolha de dados de cada vez que se der essa aproximação — desde que está a um quarto da distância entre a Terra e o Sol, dando a volta à estrela e até que sai fora desse limite outra vez.

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Nunca nenhuma outra sonda esteve tão perto do Sol como vai estar a Sonda Solar Parker, a apenas seis milhões de quilómetros. Parece muito, mas é preciso lembrar que são 150 milhões de quilómetros entre a Terra e o Sol. A sonda vai bater ainda outro recorde: no momento em que estiver mais próxima do Sol, a sonda ainda terá uma velocidade de 700 mil quilómetros por hora. Nunca nenhum outro objeto construído pelo homem atingiu esta velocidade.