“Fake news”. Pelas 5h30 da manhã desta terça-feira (hora de Washington) Donald Trump escrevia no Twitter uma acusação feroz à Google e “outros” motores de busca. Segundo o presidente norte-americano, o gigante da internet está a “manipular” os resultados das pesquisas sobre si próprio de forma a mostrar apenas publicações dos chamados “fake media”. A situação, segundo Trump, é “muito séria” e tem de ser “discutida”.

https://twitter.com/realDonaldTrump/status/1034371152204967936

No primeiro tweet, Trump faz a acusação, dando a cadeia televisiva CNN como exemplo: “Os resultados de pesquisa no Google para ‘Trump News’ mostram apenas a visão dos Fake News Media. Por outras palavras, estão MANIPULADOS, em relação a mim e a outros, para que quase todas as histórias e notícias sejam MÁS. A falsa CNN é proeminente. Os media republicanos/conservadores e justos são excluídos. Ilegal?”

https://twitter.com/realDonaldTrump/status/1034373707047882759

Dez minutos depois, completava o raciocínio: “96% dos resultados sobre ‘Trump News’ provém de meios de comunicação social de esquerda, o que é muito perigoso. A Google e outros estão a calar as vozes dos conservadores e a esconder informação e notícias que são boas. Estão a controlar o que podemos e o que não não podemos ver. Esta é uma situação muito séria e que tem de ser discutida”.

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Em resposta às críticas do presidente Donald Trump, fonte oficial da Google enviou ao Observador as seguintes declarações da empresa: “quando os utilizadores perguntam por algo na barra de pesquisa do Google, o nosso objetivo é garantir que os utilizadores recebam as respostas mais relevantes numa questão de segundos. A Pesquisa não é utilizada para definir uma agenda política e não distorcemos os nossos resultados para qualquer ideologia política.”

No mesmo comunicado, a tecnológica afirma também que “todos os anos desenvolvemos centenas de melhorias nos nossos algoritmos para garantir que, os mesmos, exibam conteúdo de alta qualidade em resposta às questões dos utilizadores. Trabalhamos, de forma contínua, para melhorar a Pesquisa Google e nunca classificamos os resultados da pesquisa de forma a manipular o sentimento político.”

O Washington Post fez uma breve análise à súbita crítica de Trump à Google, quando noutras ocasiões Donald Trump já tinha saído em defesa da multinacional, e levantou a questão: “Porque é que Trump estava a tweetar sobre isto às 5h30 da manhã de uma terça-feira?”. São duas as hipóteses mais viáveis, segundo a análise da jornalista Abby Ohlheiser: “Uma possibilidade — que muita gente parece estar a assumir — é que Trump estava a googlar ‘Trump news’ numa pequena investigação matinal sobre um dos seus tópicos preferidos: conspirações contra ele”.

Outra possibilidade, continua a jornalista, é que Trump estava a dar eco a um artigo publicado há dois dias no site conservador PJ Media, cujo título era “96% dos resultados das pesquisas no Google sobre Trump News provêm de meios de comunicação social liberais”. Segundo relata a jornalista, ironicamente ou não, o referido artigo era o que aparecia em primeiro lugar nas buscas por “Trump news” minutos depois de Trump ter publicado os tweets sobre o tema.

A verdade é que esta não é a primeira vez que os republicanos se queixam de conspiração contra a Google ou outras empresas de tecnologia. Em julho passado, os republicanos acusaram a Google, o Twitter e o Facebook de preconceito contra os conservadores numa audição no congresso sobre “filtragem de conteúdo” das principais empresas de tecnologia.

Trump ameaça também Facebook e Twitter

Depois da Google, o  presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçou também os gigantes tecnológicos Facebook e Twitter, acusando-os de “amordaçar” os grupos conservadores. Estão a “pisar terrenos muito complicados”, pelo que devem ter “cuidado”, avisou.

“Eu acho que a Google se aproveitou verdadeiramente de muita gente. É um assunto muito sério e uma acusação muito grave”, disse Donald Trump aos jornalistas que se encontravam na sala oval, na Casa Branca, após um encontro com o presidente da FIFA, Gianni Infantino. “Se olharem para o que está a acontecer no Twitter, se olharem para o que está a acontecer no Facebook, então é melhor terem cuidado porque não podem fazer isso às pessoas”, sublinhou o presidente norte-americano.

“Google e Twitter e Facebook estão realmente a pisar território muito complicado e precisam de ter cuidado. Não é justo para grande parte da população”, acrescentou Trump, garantindo que a sua administração tem recebido, “literalmente, milhares e milhares de queixas” acerca das práticas das empresas tecnológicas.

*Notícia atualizada às 16h31 com resposta da Google às críticas do presidente dos Estados Unidos da América