Não deixa de ser curioso que Elon Musk tenha escolhido o pequeno e pouco conhecido Grand Basel como o evento ideal para mostrar, pela primeira vez, o Roadster aos condutores do Velho Continente. Muito provavelmente, a opção prende-se com o facto de o certame decorrer na Suíça, país conhecido por ser o centro do mundo no que respeita ao chocolate e… ao dinheiro.

Integralmente pintado de branco, por oposição à unidade vermelha que foi utilizada para revelar o superdesportivo da Tesla nos EUA, o novo Roadster é um veículo elegante e mais atraente do que ameaçador, ou exuberante, sendo concebido como coupé de dois lugares, a que é possível retirar o topo do tejadilho para o converter em formato Targa. Mas sem asas proeminentes ou entradas e saídas de ar exageradas. É um daqueles modelos elegantes que, quem o vir passar na rua, acredita se lhe disserem que possui apenas 200 cv, faz 5 segundos de 0-100 km/h e atinge 250 km/h.

E é aqui que reside não o problema, mas a grande vantagem do Roadster da Tesla. Vamos imaginar, por um momento, que o leitor é um fã da marca. Nesse caso, não vale a pena ‘dizer’ mais nada, pois o mais provável é que já estivesse apaixonado pelo Roadster ainda antes de o ver, ou de saber do que ele é capaz. A situação é mais curiosa se quem nos lê for daquela facção que detesta eléctricos, em geral, e a Tesla, em particular, apenas porque foi a… primeira. A primeira a conceber um veículo eléctrico desejável.

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O Roadster anuncia mais de 400 km/h de velocidade máxima, menos de 1,9 segundos de 0-96 km/h (deverá rondar os 2 segundos até aos 100 km/h), 0-402 metros (1/4 de milha) em 8,8 segundos e uma autonomia de quase 1.000 km. Para fazer frente a este cardápio de performances, esqueça os fabricantes de desportivos menores e até mesmo os monstros tipo Ferrari, Lamborghini ou McLaren, pois nenhum deles consegue “jogar” neste campeonato. Para encontrar alguma coisa com quatro rodas à altura tem de apontar mais acima, a “brinquedos” como o Bugatti Chiron (1.500 cv, com 420 km/h e 2,5 segundos de 0-100) ou o Koenigsegg Agera RS, o tal que bateu o recorde de velocidade (447 km/h), mas numa versão especial (para recordes) com 1.360 cv, em vez dos 1.160 cv que traz de série, com os que supera 100 km/h em 2,9 segundos. O problema é que ambos os superdesportivos exigem investimentos superiores a 2 milhões de euros, com 2,5 para o Chiron e 2,1 para o Agera RS, preços antes de impostos.

Mesmo se considerarmos superdesportivos eléctricos, como os fabulosos  Nio EP9 ou Rimac C_Two, ambos substancialmente mais exuberantes do que o Roadster, é necessário pagar mais de 1,5 milhões de euros. Se bem que o condutor tenha garantido o proveito máximo desse mesmo investimento, pois o Nio assegura 1.360 cv, 0-100 km/h em 2,7 segundos e 313 km/h de velocidade máxima, enquanto o Rimac vai ainda mais longe, prometendo 1.914 cv, 0-96 km/h em 1,85 segundos e 0-100 km/g em 1,97 s, além de 412 km/h de velocidade máxima.

Depois deste cenário, imagine que a Tesla pede pelo Roadster apenas 200.000 dólares (172 mil euros) pela versão normal, e 250.000$ (216 mil euros) pela edição limitada Founders Series. Convenhamos que não é fácil evitar ficar espantado com as prestações do superdesportivo da Tesla, bem como pela sua capacidade de aceleração, autonomia e, sobretudo, o preço, que é quase um décimo do Rimac C_Two. Resta esperar que a marca americana o consiga produzir a tempo de chegar ao mercado em 2020, como prometido.