A TAP já conseguiu transferir de Luanda para Lisboa mais de metade dos 120 milhões de euros que estavam retidos em Luanda no final do ano passado, por falta de divisas. Ainda assim, não foi possível apurar o valor exato que já chegou a Portugal. A notícia é avançada pelo Público na edição desta terça-feira.

No final do ano passado, a empresa liderada por Antonoaldo Neves tinha uma dívida de curto prazo de 80,8 milhões do Estado angolano – o dobro do valor registado no final de 2016 -, por incapacidade de retirar o dinheiro de Angola, e só agora conseguiu recuperar mais de 60 milhões de euros.

A TAP protegia, assim, o dinheiro retido no país pela falta de divisas para a expatriação do capital (devido à crise que este país atravessa pela baixa do preço do petróleo), uma vez que as operações de compra de obrigações estão indexadas ao dólar (e não ao kwanza, que tem desvalorizado).

As dificuldades no repatriamento de fundos conduziram também a que estivesse depositado o equivalente a 41,6 milhões de euros (mais cerca de seis milhões face a 2016, divididos em kwanzas, dólares e euros), o que elevava o total para 122,4 milhões de euros. O processo de recuperação do dinheiro por parte da empresa ainda está a decorrer, sendo que grande parte do valor já remetido para Lisboa terá vindo dos depósitos, uma vez que as obrigações têm um calendário próprio e é necessário esperar que elas cheguem à maturidade para recuperar o dinheiro.

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A entrada destes mais de 60 milhões de euros aconteceu nos meses anteriores à visita oficial a Luanda do primeiro-ministro, António Costa, nos dias 17 e 18 de setembro, que serviu como símbolo do desbloqueio das relações entre os dois Estados. Na visita foi assinado um acordo sobre transporte aéreo que tinha sido negociado em 2010, mas que tinha ficado por oficializar desde então, e que estabelece as bases jurídicas para a exploração de rotas aéreas entre Portugal e Luanda.

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A TAP está a investir agora em novos aviões e contratações, embora tenha uma dívida de 600 milhões de euros para pagar à banca, que se prevê começar a abater em novembro deste ano, com o pagamento de 10 milhões de euros mensais, de acordo com um dos seus acionistas privados, David Neeleman.